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Ato 4 - As Memórias que Passam Uma Pela Outra
Flamm fixou seu olhar, frio como gelo, em direção a Satyllus até que sua figura desapareceu, enquanto o Reach, sendo uma vítima colateral da sede de sangue imensurável da Flamm, timidamente alcançou o ombro da garota.
"Uh... Flamm-san? Você está bem?" (Reach)
A garota sentiu dois toques de um dedo passando por seu ombro e lentamente voltou o rosto para a frente antes de dar um sorriso para o Reach.
"Aah, me desculpe, me perdi um pouco" (Flamm)
"Está tudo bem se for só isso. Parece que o ar ao seu redor mudou desde a última vez que nos encontramos" (Reach)
Muitas coisas aconteceram desde a última vez que a garota se encontrou com o Reach e apesar de só ter conhecido ele alguns dias atrás, Flamm não pode deixar de pensar no encontro deles como uma memória nostálgica.
"Eu ainda não estava abalado naquela época" (Flamm)
"Abalada?" (Reach)
"Digamos que minha posição na vida ainda estava estável. Não posso deixar de pensar em como devo viver minha vida a partir de então, mas sinto que recentemente estou chegando perto de uma resposta", disse a garota, olhando para a palma da mão.
O que a garota deve fazer para que ela e a Milkit possam viver em paz neste mundo em que vivem? Ela só quer viver normalmente, sem ao menos desejar nada de especial. A garota não gosta de matar outras pessoas e detesta ter que acumular memórias dolorosas de seu corpo sendo dilacerado.
No entanto, ela foi forçada a fazer isso. Para se rebelar contra a igreja que trata as vidas humanas como se fossem lixo, Flamm não teve escolha a não ser cortar essas pessoas como lixo. Ela também precisará se sacrificar e raspar cada centímetro de seu corpo ou então ela não será capaz de colocar o dedo em oposição contra sua líder, Origin.
Flamm cerrou os punhos. "Você não pode fazê-los desaparecer apenas lamentando, então tudo que posso fazer é derrubá-los com força bruta, certo?".
"Verdade. Pessoas fortes protegendo os fracos só existem na ficção. Todo mundo tem suas próprias circunstâncias, e mesmo se seus papéis sejam invertidos, os humanos ainda repetem a mesma coisa" (Reach)
"Então, como eu pensei, só podemos acabar com o problema cortando a cabeça da cobra", disse a garota. Mais uma vez, percebendo sua própria impotência, seu aperto na mão apenas aumentou.
"Eu devo a você por salvar a vida da minha esposa. Basta dizer uma palavra e eu vou te emprestar meu poder, então, por favor, não tente arcar com tudo sozinha" (Reach)
"Por favor, não se preocupe com isso, eu sei que tenho amigos que me apoiam. Eu também não posso te envolver neste caso, Reach-san" (Flamm)
Reach é um mero comerciante. Não há razão para ele derramar sangue indo contra a igreja apenas para seu lucro, então Flamm não consegue nem pensar em trazê-lo para essa confusão, mas o Reach disse "É tarde demais para isso agora" enquanto ria. "Por enquanto posso ficar de olho na igreja e cooperar com a agência de notícias para buscar algumas informações".
"Agencia de notícias? Você quer dizer a agência de jornais?" (Flamm)
Várias empresas jornalísticas operam na capital. Eles publicam diretamente conteúdos como os eventos que ocorrem na cidade para aventureiros e fornecem informações para o boletim da igreja. No entanto, eles foram claros em não tentar ir contra a igreja, o que só é óbvio porque a igreja tem um domínio firme sobre suas tipografias.
Dito isso, parece que o Reach conhece algumas agências de notícias que tem alguns ativos intocáveis pela igreja.
"Já que estamos nisso, devo apresentá-los a você?" (Reach)
"Hã? Não, você não precisa passar pelo aborrecimento... " (Flamm)
"Ela está bem ali ao virar da esquina. Welcy!" (Reach)
Quando o Reach gritou um nome, uma mulher que adorna um boné espiou o rosto de um canto próximo. A mulher que parece em casa em seus jeans apertados acenou levemente com a mão para a Flamm antes de correr em direção aos dois.
"Eu irei apresentar ela a você. Ela é Welcy Mancathy, a jornalista que eu disse que tem cooperado conosco recentemente" (Reach)
"E aí, Flamm-chan" (Welcy)
Flamm praticamente ignorou sua atitude alegre ao oferecer um aperto de mão enquanto sua mente estava preocupada em pensar por que a mulher estava se escondendo atrás da esquina como ela fez antes, embora seja provável que ela estivesse seguindo o Reach.
"Mancathy... ela é sua irmã mais nova, Reach-san?" (Flamm)
"Infelizmente" (Reach)
"O que você quer dizer com 『infelizmente』!?" (Welcy)
Reach mostrou um sorriso amargo enquanto sussurrava "é exatamente por isso". Por fim, Flamm pode se relacionar um pouco mais com o Reach quando ela finalmente testemunhou Reach falando em um tom tão informal.
"Apesar de quem ela é, minha irmã é uma excelente jornalista. Foi graças a ela que obtivemos a informação sobre como a Satyllus está distribuindo ervas medicinais pela igreja" (Reach)
"Distribuição de ervas medicinais dentro da igreja? Não deveria ter sido banido por eles?" (Flamm)
"É a sua maneira de garantir que os superiores ainda possam melhorar se ficarem doentes com doenças incuráveis por magia. Ainda assim, com a enorme quantidade que circulam, se houver uma chance de que eles possam dar essas drogas ilegais aos seus soldados para aumentar seu moral, eles podem ter outros planos em mente" (Welcy)
"Acho que se pudermos revelar o que eles estão tramando, podemos ter uma chance de diminuir sua força. Mesmo que isso acabe sendo uma perda, poderemos usar essas informações como moeda de troca" (Reach)
As palavras do Reach carregam uma certa dose de perversidade, apesar de seu tom calmo, talvez mostrando ainda mais que a maneira como ele está subindo de status é porque ele próprio esteve envolvido em algo obscuro.
"A propósito, nii-san, você não tem algo a ver com o casal?" (Welcy)
"Hmm? Ah, é isso mesmo... Na verdade, o casal da casa em que você mora estava entrando em contato comigo" (Reach)
"Eles estão... pedindo para você devolver a casa?" (Flamm)
"Oh, não, não realmente. Essa casa já pertence a você há muito tempo. Na verdade, estou surpreso que eles ainda estejam vivos. Eu sei que é rude da minha parte dizer, mas eles já estão muito velhos"
A conversa preocupou Flamm um pouco, uma vez que envolve o proprietário anterior da casa em que ela mora, mas ela não poderia impedir o homem de cuidar de seus negócios mais do que ela já está.
"Com isso dito, minhas desculpas, mas eu tenho que encerrar o dia. Welcy, dê a ela seu cartão de visita" (Reach)
"Claro, claro, aqui vai. Muitas coisas aconteceram ao redor da Satyllus recentemente, você sabe? Então, se você encontrar algo desagradável, não deixe de passar em nosso escritório", disse Welcy, pegando um cartão do tamanho da palma da mão.
Flamm nada pensou e aceitou o cartão casualmente, apenas para perceber que não havia nada escrito nele. Ao ver a garota inclinando a cabeça em confusão, Welcy deu um sorriso e lançou um feitiço.
"『Gravar Projeção』!" (Welcy)
Ao fazer isso, letras minúsculas contendo o nome da empresa, seu endereço e a frase 『Jornalista de impressão』 junto com o nome completo da mulher foram marcados no papel. Por último, o espaço vazio restante foi preenchido pela ilustração da própria Welcy, que foi tão bem feita que poderia muito bem ser uma imagem.
"Este feitiço aqui pode escrever letras e gravar uma imagem visível. Eu sou a Welcy Mancathy, a repórter de jornal que arrancará a verdade deste mundo! É um prazer fazer negócios com você!" (Welcy)
Talvez terminando sua introdução com seu bordão, a garota falou com um sorriso satisfeito e presunçoso enquanto se afastava junto com seu irmão.
Flamm ficou sozinha com aquele cartão de visita, olhando atentamente para as palavras impressas no papel sob a mortalha de escuridão do início da noite.
"Repórter de jornal, hein..." (Flamm)
Com certeza, não só a espada, mas a caneta também está lutando contra a igreja e, apesar das múltiplas incertezas em torno da própria mídia, ter outra aliada por trás dela tranquilizou a garota.
Guardando o cartão de visita no bolso da camisa, Flamm mais uma vez vai para casa.
Inclinando o regador, Milkit regou os vasos que decoram o exterior de sua casa. Assim que terminou de regar, a menina se agachou enquanto contemplava as lindas flores rosas, cujas sementes recebeu de uma senhora mais velha da vizinhança. A gentil mulher estava interagindo com a garota coberta por bandagens por um tempo e as duas estavam trocando lanches uma com a outra por um tempo.
A planta não passava de um botão até começarem a florescer na manhã do dia anterior, o que deu à garota uma sensação de realização em seu coração... uma emoção que ela nunca pensou que teria antes de a garota conhecer a Flamm. Não é algo tão excitante nem impressionante, mas a sensação gentil e calorosa foi algo que acalmou a garota profundamente.
O cheiro do jantar do dia sopra de dentro de casa. O menu de hoje é um ensopado de carne de Basilisco com cogumelos e tomates, potage de leguminosa com um prato lateral de salada César. Quanto às sobremesas, ela preparou um citrino denominado Tagore, que é um padrão da cozinha da capital. A fruta do tamanho de um punho não parece diferente de outras frutas cítricas, mas é conhecida por suas polpas grandes, aroma forte e de como seu cheiro revigorante se espalhava pelo paladar depois de consumida. Além disso, como não é muito azeda nem muito forte, não há muitas pessoas que não gostem da fruta Tagore.
Embora a menina ainda não tenha terminado o jantar. A menina pensou que terminaria o preparo do jantar quando voltar para casa. Ela pensou consigo mesma, não é como se eu tivesse saído porque estou ansiosamente esperando seu retorno, mas quando ela percebeu o que estava pensando, ela ficou tímida em um instante.
Milkit colocou a mão em seu peito, onde uma sensação de calor, algo que não existia antes do seu encontro com a Flamm, permanece dentro dela.
Desde que está morando naquela casa, a garota gradualmente recuperou sua massa física. Ao conseguir isso, sua mestra se sentiu muito entusiasmada, então a garota está continuamente se esforçando para comer mais... talvez um pouco demais e é por isso que ela decidiu que queria se conter.
No entanto, o principal problema em questão é algo profundo sob sua pele, a sensação de calor persistente no fundo de seu coração.
Talvez este seja o culpado por trás de tudo.
A razão para ela sair enquanto esperava ansiosamente, a razão pela qual ela deu a desculpa em primeiro lugar, a razão pela qual ela ficou envergonhada por causa disso e a razão pela qual seu coração não consegue se acalmar, foi provavelmente por causa desse sentimento.
Uma vez, Flamm ensinou para ela que era o sentimento da 『confiança』, mas a Milkit acredita que é algo muito mais. Mesmo que ela chame seu relacionamento de 『mestra e escrava』, a maneira como a garota nunca teve esse sentimento em relação aos seus mestres anteriores a faz ter certeza de que é algo mais do que isso.
O que é isso então?
Enquanto a menina continuava tentando descobrir a resposta, suas bochechas estão envoltas em uma sensação de calor quando ela ouviu as palavras "Estou de volta, Milkit".
Virando o rosto para cima, a garota pôde ver os dentes da Flamm, expostos por seu sorriso.
Havia um atoleiro de coisas em que ela estava pensando, mas todas foram levadas embora quando a garota se priorizou ao responder "Bem-vinda de volta, mestra" enquanto suas bochechas relaxavam.
"Desculpe estou atrasada. Tem algo em que eu possa ajudar a fazer para o jantar?" (Flamm)
"Tudo o que resta são os toques finais, se você puder me ajudar com isso" (Milkit)
"Ok. Vamos acabar com isso e fechar este estômago faminto com a culinária mais deliciosa do mundo feita pela única Milkit!" (Flamm)
A garota enfaixada riu. "Eu me pergunto se posso atingir suas expectativas".
Com essa troca, as duas se deram as mãos e entraram na casa. A atmosfera calorosa parece ter se movido junto com elas, pois quando as duas entraram pela porta da frente e a fecharam, o pavimento de pedra imediatamente voltou a um cenário frio e inorgânico.
Como não restou ninguém, um homem corpulento passou pela rua em frente à casa. Olhando para o prédio brevemente, o homem zombou antes de se afastar.
Esta é uma história que ocorreu há cinquenta anos, quando o império estava apenas começando sua experimentação com humanos.
Seu objetivo inicial era criar um demônio artificial que superasse os humanos em tempo de vida e mana e seus sujeitos de teste são as crianças que ficaram sem parentes ou que eles sequestraram nas favelas. As crianças passaram por inúmeras cirurgias e foram administradas drogas misteriosas nelas no seu dia a dia. As mortes não eram incomuns, e aqueles que sobreviveram estavam quebrados além da crença com seu corpo e alma transformados em algo não humano.
Naquela época, Eterna ainda era uma menina imatura de apenas dez anos de idade. Sem os pais, a menina estava vivendo na tempestade de desejo e violência das favelas.
Ela desconfiava completamente dos outros, o que era a única coisa que a mantinha viva.
No entanto, ela também foi sequestrada.
『e211-Nα』 foi o nome dado a ela na instalação, algo esculpido e tatuado em seu flanco que ela ainda precisou suportar.
Naquela época, ela não se importava de ser tratada como um objeto, já que o nome que ela tinha antes não era nada além de um código de identificação que foi dado por alguém que ela nem conhecia. Desta vez, as letras foram transformadas apenas em números.
"A partir de agora, o seu nome será Eterna" (Homem)
No entanto, aquele homem, Günther Lynnbow e sua esposa Claudia Lynnbow, optaram por não chamá-la por meras letras e números. Eles deram nomes a todos e interagiam com eles gentilmente, talvez como uma forma de expiação por envolver as crianças em suas experiências humanas.
Obviamente, todos estavam sendo cautelosos com eles no início, pensando que eles eram meros hipócritas e que vão recorrer à violência mais cedo ou mais tarde se baixarem a guarda... ou pelo menos era assim que alguns gostariam que fossem, já que alguns aceitaram o fato de que não há lugar bom para eles neste mundo.
No entanto, suas expectativas foram destruídas.
No mínimo, Günther e Claudia eram pessoas realmente boas, o que permitiu que as crianças e Eterna abrissem lentamente seus corações durante o período de três meses de interação. No final, as crianças se referiam aos dois como 『pai』 e 『mãe』.
Fora do tempo de experimentação, Eterna e as crianças foram obrigadas a morar juntas em um dormitório que foi preparado. Eles tinham o que comer, tinham seus próprios quartos e, quando tinham algum tempo livre, seus supervisores, Günther e Claudia, passavam algum tempo com eles. Apesar dos experimentos horríveis pelos quais tiveram que passar, suas vidas eram mais gratificantes do que o lugar frio e solitário que as favelas são... eles tiveram um momento em que podiam viver como humanos pelo menos uma vez.
"Mamãe! Papai! Olha, eu fiz uma flor com magia!" (Eterna)
Mantendo as mãos no alto, Eterna criou grandes flores de membranas finas e esticadas de água, criando um cenário fantástico à medida que refletem as luzes que ilumina a sala.
Günther e Claudia elogiaram a garota de aparência orgulhosa, dando-lhe aplausos generosos.
O nível de Mana da Eterna era tão alto que ela não podia nem ser comparada com outras crianças da sua idade, pois ela demonstrou o alto nível de controle em suas artes e dada a percepção de sua maestria, as crianças vivas restante naquele lugar estava reduzida a ela e apenas ela.
O plano para criar um demônio artificial foi bem-sucedido, eles criaram alguém com mana superior e vida útil prolongada. A cor de sua pele permaneceu humana, mas a Eterna era uma existência que poderia rivalizar com os demônios.
No entanto, devido à baixa taxa de sucesso e reprodutibilidade, o projeto acabou sendo descontinuado.
Descarte as cobaias e vão para o próximo projeto - foi a ordem implacável que o Gunther e a Claudia receberam.
"Como se pudéssemos fazer isso! Eterna é nossa filha! Ela não é uma parente de sangue, mas ainda é nossa família...!" (Claudia)
Confessando toda a sua ordem para a Eterna, os dois abraçaram fortemente a garota atordoada.
"Eterna deve ter força suficiente para viver sozinha... ela deve ficar bem sozinha, certo?" (Günther)
Eles fizeram uma escolha... mesmo que fossem contra uma ordem direta do império, Eterna ainda poderia escapar de sua ira.
Assim, uma noite, os dois enfiaram a garota em uma carroça e a fizeram escapar da capital.
"...terna?" (???)
Eterna não ouviu mais nada sobre o Günther nem Claudia depois. A menina viveu discretamente, nas profundezas das montanhas, desenvolvendo ainda mais seu conhecimento em suas artes de feitiçaria, juntamente com o conhecimento de ervas medicinais e anatomia que ouviu quando estava no centro de pesquisa.
"Ei,... ter... na... é......... manhã...?" (???)
Cinquenta anos se passaram, mas o corpo da menina não cresceu, ainda parecendo uma adolescente, embora, como ela é uma imitação dos demônios, a idade é uma ameaça tanto quanto a água corrente. Em pouco tempo, os vilarejos ao redor da base da montanha espalharam rumores sobre uma bruxa que vivia na montanha, embora a Eterna tivesse certeza de que não havia má vontade por trás disso. Afinal, era um boato sobre uma bruxa gentil que dava aos viajantes perdidos remédios misteriosos que de alguma forma eliminavam o mal que os afligia.
E a pessoa que veio como mensageiro da capital foi-
"Eterna, você deveria se levantar. É hora do jantar" (???)
A voz da Ink finalmente a alcançou.
Levantando o rosto que estava enterrado em sua mesa, a mulher distraidamente olhou para a cama, apenas para ver a figura da Ink, sentada na cama com um olhar exasperado. Ela deve ter gritado por ela várias vezes agora.
A garota ainda está usando uma camisa emprestada da Flamm, que ainda é um tamanho maior que ela, enquanto seu cabelo preto parece levemente despenteado, talvez por ela estar deitada até agora.
"Eu adormeci?" (Eterna)
"Apagado totalmente. Você estava em um sono profundo agora mesmo" (Ink)
"Isso foi um erro" (Eterna)
"Além disso, você disse algo sobre mamãe e papai durante o sono" (Ink)
"... realmente..." (Eterna)
Eterna teimosamente expressou sua interjeição usual antes de trazer a mão para esfregar os olhos.
Piscando duas, três vezes, sua visão clareou e a mulher deu um suspiro.
"Acho que você também teve pais, não é?", perguntou a Ink, inocentemente curiosa, pois ela nunca tinha visto os rostos de seus pais.
"Eu sou apenas uma humano, então obviamente tenho pais... embora nunca tenha visto os rostos dos meus pais verdadeiros" (Eterna)
"Hã? Mesmo? Então somos iguais, não somos?" (Ink)
"E nós duas somos cobaias de teste para a experimentação humana do império" (Eterna)
Com essa confissão, mesmo a Ink não pôde deixar de ficar surpresa.
"Eu não sabia..." (Ink)
"É porque eu nunca disse a ninguém. Eu fui cobaia anos atrás e esta casa é o lugar onde morei quando era uma cobaia" (Eterna)
"Oh, certo, eu me lembrei da Flamm dizendo que você já estava aqui quando ela veio pra cá..." (Ink)
"Eu morava neste quarto naquela época, então me senti tão nostálgica que não pude evitar" (Eterna)
Ainda assim, sendo capaz de se conter ou não, um crime é um crime, mas, pelo menos, a Ink entendeu que a Eterna não estava se intrometendo apenas porque ela queria. A impressão que a Ink tem sobre a Eterna foi alterada de uma 『pessoa muito esquisita』 para uma 『pessoa esquisita normal』.
"A propósito, você disse que foi cobaia de testes anos atrás, certo?" (Ink)
"Eu fui" (Eterna)
"Quantos anos você tem? A julgar pela sua voz, você não parece tão mais velha em comparação com a Flamm" (Ink)
Sua pergunta era razoável. Ink não pode ver a figura da Eterna, mas mesmo se ela a visse, isso apenas aumentaria sua confusão. Tanto sua figura quanto sua voz parecem não mais velhas do que uma menina em sua adolescência.
"Eu honestamente não sei. Eu nem sei quando nasci, então provavelmente... 60?" (Eterna)
"Vovó Eterna!" (Ink)
"Eu tenho sentimentos, você sabe. Pare com isso" (Eterna)
Parece que, apesar da sua longevidade, Eterna ainda despreza ser tratada como uma velha.
A mulher deixou cair os ombros e deu um grande suspiro, e ouvindo essa resposta, Ink gargalhou como uma criança travessa.
"Mas... se você é tão velha, então talvez sua mãe e seu pai não estejam mais aqui" (Ink)
"Foi por isso que eu assumi a missão de eliminar o lorde demônio também. Antes de partirmos nessa viagem, passei pela capital e fui para a área onde eles moravam... Eu me resolvi então e considerei isso uma visita aos seus túmulos" (Eterna)
"Sério... aposto que eles ficaram muito felizes que sua filha cresceu realmente saudável" (Ink)
"Acredito que sim" (Eterna)
Cada vez que a mulher fecha os olhos, as memórias do Günther e da Claudia nunca deixaram de inundar sua mente e ainda mais agora que ela está morando nesta casa. É uma pena que ela nunca mais possa vê-los, mas... mesmo ela não poderia lamentar a tragédia de sua longa vida.
"Eterna-san! O jantar está pronto!" (Flamm)
A voz da Flamm ecoou no andar de baixo.
"É o que ela disse" (Ink)
"Eu vou indo. Eu vou trazer para você sua porção mais tarde" (Eterna)
"Sim, estou ansiosa por isso" (Ink)
A menina se despede da mulher com um sorriso no rosto.
Ink ainda não consegue sair do quarto. A julgar por sua aparência, ela parece mais animada do que nunca, mas sua condição ainda está longe da ideal.
Só para se preparar caso algo aconteça, Eterna deixou uma esfera flutuante na sala, algo que a informará se algo anormal acontecer por meio da outra que ela trouxe com ela.
Terminando a preparação, a mulher saiu do quarto, apenas para ser saudada por um cheiro apetitoso do ensopado de tomate que envolveu o corredor.
Com um adorável som de estômago roncando, Eterna desceu as escadas com uma mão segurando a barriga.
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