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O Primeiro Ato do Acampamento
Shirley: “Achoo!”
Um espirro fofo.
Há uma velha lenda
que diz que um espirro é sinal de que alguém distante está falando de você, mas
Shirley não acredita nisso.
Embora, por alguma
razão, ela tem tido um mal pressentimento pela última meia hora. Não tem base
nenhuma, mas é como se tivesse uma filha em casa que está sofrendo para estudar
para um teste surpresa sem sua mãe para ajudá-la... Esse tipo de mau
pressentimento.
Shirley: (Kuh... Eu preciso voltar para casa
agora mesmo... Não, espere, pode ser um alarme falso... Uu, o que eu devo
fazer!?)
Shirley olha para
cima para os céus, com uma expressão preocupada em seu rosto, enquanto enche
seu cantil no rio.
Kyle: (Shirley está com uma expressão tão
dolorosa... Deve ser alguma preocupação profunda que eu nem mesmo conseguiria
começar a entender.)
Asterios: “Vocês dois, nós estamos prontos.”
Asterios fez um
círculo com pedras do tamanho de um punho.
Leia: “Hey! Isto está bom o suficiente para a
comida seca!?”
Misturando
vegetais, batatas e feijões juntos, Leia pergunta sobre o tempero.
Cudd: “Uu... Eu não me sinto bem... Acho que vou
vomitar...”
Cudd está deitado
no chão com um rosto esverdeado, com sua cabeça descansando em sua mochila.
Asterios: “Esse tanto vai dar. Vamos começar a
cozinhar.”
Eles viajaram o
dia inteiro sem nenhuma pausa, mas agora eles estão acampando em uma clareira,
com a Mina Jewelsaad à vista.
A noite é seu
inimigo. Eles decidiram acampar aqui durante a noite, já que tentar atacar a
Mina nessa escuridão seria idiotice.
Se sentando
próximo à Rangitz, o Dragão que os levou por todo esse caminho e que está
mastigando uma misto de carne e feno, Kyle começa a ascender uma fogueira com
duas pederneiras, assim como Asterios o ensinou.
Leia: “Você tomou alguma pancada ou contusão durante
a viajem Kyle?”
Kyle: “Não... pelo menos não ao ponto de ser algo
que vai me atrasar.”
Ele disse isso,
mas sua traseira sofreu uma surra tão grande andando no vagão que ele está
disposto a achar algo para usar como almofada na próxima vez.
Cudd: “Ah... aquele remédio finalmente fez
efeito...”
Leia: “Ahahaha, caaalma lá! Você ainda parece um
pouco grogue, não acha?”
Cudd: “Cala a boca, sua pirralha de merda...!”
Em adição à dor em
sua retaguarda, Cudd também teve uma dose desagradável de enjoo. Evidenciado
pela pouca força em sua voz enquanto ele tenta retrucar a Leia.
O remédio
finalmente fez efeito o suficiente para que consiga ao menos comer, mas ainda
vai levar algum tempo até que ele se recupere completamente.
Cudd: “Mas não é estranho...? Por que só eu e o
Kyle nos machucamos enquanto vocês estão todos bem...?”
Kyle: “Yeah... Digo, eu até entendo o Asterios
estar vem, mas a Leia e a Shirley?”
Shirley: “Eu coloquei uma almofada antes.”
Leia: “Eu flutuei o tempo todo. De jeito nenhum
eu ia sentar normalmente como vagão balançando daquele jeito.”
Parece que essas
duas tomaram medidas adequadas, apesar do quão louca foi a situação.
Para os dois que
simplesmente gritaram o caminho inteiro, não há muito que possam dizer sobre si
mesmos.
Shirley: “De qualquer forma, vocês devem considerar
isso um treino. Afinal, essa é uma equipe suposta a treinar novatos.”
Diz Shirley
baixinho enquanto olha para a panela borbulhando em cima da fogueira.
A comida seca e a
carne assada na panela, o cheiro dos ingredientes lentamente se fundindo é
muito satisfatório.
Shirley: “Conforme vocês forem subindo nos ranques,
haverá mais oportunidades para se viajar via Dragão. Eles são importantes para
a jornada, mas sabia que viajar nas costas do Dragão é muito mais emocionante
do que viajar no vagão?”
A aventureira
veterana parece os ameaçar com um tom leve enquanto coloca um pouco mais de
água na panela fervente, cobrindo-a novamente com a tampa em seguida.
Enquanto Kyle e
Cudd olham para Shirley desacreditados, e os olhos de Leia brilham em
curiosidade, Asterios ri por concordar com a Shirley.
Asterios: “Isso é verdade. Pode até ser para
aventureiros e cavaleiros, mas se alguém inexperiente cair de um Dragão
correndo por uma floresta ou voando pelo céu, ele estará em sérios apuros.”
Kyle: “Por favor, não nos agoure.”
Kyle e Cudd tremem
só de pensar nisso.
Shirley: “Certo, está pronto.”
Kyle: “Oh, parece delicioso!”
Depois de
cronometrar com precisão, Shirley tira a tampa da panela e adiciona o último
toque com tempero antes de servir.
Shirley: “Tendo dito isso, tem carne nisto, vocês
estão bem com isso, Asterios e Leia?”
Asterios: “Sim, não é um problema.”
Leia: “Eu estou bem já que não sou uma Elfa de
sangue puro.”
Diferente dos
Elfos puros que só comem plantas como se fossem animais pastando, alguns
Homens-Fera e Meios-Elfos não tem problemas em comer carne como os Humanos.
Embora na maior
parte do tempo eles tenham vegetais como parte principal da sua dieta, muitos
Homens-Fera e Meios-Elfos gostam de carne.
Shirley: “Oh isto está delicioso. Eu não percebi o
quão faminta eu estava.”
Ela normalmente se
alimenta com pão ou rações durantes as aventuras, então isso é um mimo.
A sopa tem um
gosto suave dos vegetais usados como base, pontuado pelo sutil sabor salgado da
carne temperada.
Mesmo que já seja
primavera, as noites ainda são frias, e os jovens aventureiros constantemente
pedem por mais daquela aquecedora sopa até que a panela se esvazie.
Leia: “O que te fez querer ser uma aventureira
em primeiro lugar Shirley?”
Assim que seus
estômagos se enchem e começam a pensar sobre o sono, Leia pergunta à Shirley
por curiosidade.
Shirley: “...Isso é algo que eu realmente tenho que
responder?”
Leia: “Na verdade não, mas é algo que te
incomoda? Eu só quero saber mais sobre você, já que nós estamos na mesma equipe
e tudo mais.”
Mesmo que Shirley
a encare, a alegre Meia-Elfa não parece se incomodar.
Seria fácil ficar
calada nesse momento, mas isso pode causar um problema na equipe entre as duas.
Como se envenenada
por aqueles curiosos olhos dourados, a Espada Branca Demoníaca que ficou
isolada naquela guilda hostil resolve falar.
Shirley: “Não é nenhuma razão especial. Eu fiz isso
para sustentar minhas duas filhas.”
Cudd: “Fi-Filhas!? Shirley, você é casada!?”
Kyle: “Sério!? Jovem assim!?”
Shirley: “Jovem... Eu sou uma mulher de meia idade
que acabou de fazer 30, sabia. Ter filhos na minha idade não é algo estranho
assim.”
Kyle: “É verdade, Shirley é Meio-Imortal...”
Kyle quase se
esqueceu desse fato e também pensou que Shirley estava em seus 20 anos.
Certamente, ter uma filha nessa idade não é estranho, mas por algum motivo isso
faz um sentimento desconfortável revirar no peito do Kyle.
Asterios: “Um... Isso quer dizer que você tem um
marido, Miss Shirley...?”
Shirley: “Não. Eu as criei sozinha e sem me casar,
porquê... Bom... Houveram muitas circunstâncias.”
Dizendo isso,
Shirley se recusa a dizer mais e se levanta.
Aquele sentimento
em seu peito foi só a sua imaginação? É como se nunca tivesse existido depois
de ela falar isso.
Shirley: “Está ficando tarde. Eu vou vigiar
primeiro, mas antes, vou ir e espalhar o repelente em volta do acampamento.”
Asterios: “Okay, vamos deixar isso com você então.”
Enquanto Shirley
sai com um frasco de fragrância feito para repelir monstros, Leia a observa
sair e então fala suavemente.
Leia: “Quando se é Meio-Imortal, as suas feridas
se regeneram rapidamente, não é? Isso significa que a Miss Shirley nunca tem
que se preocupar com se machucar ou morrer durante as batalhas. Não é à toa que
ela é famosa, fazendo tudo isso com um corpo que parece tão delicado.”
Cudd: “Idiooota. Não é um poder tão conveniente
assim. Um Meio-Imortal é literalmente um Imortal incompleto. Parece que altura
não é a única coisa que te falta, não é?”
Leia: “Hãããã!? Quem você está chamando de
baixinha, seu boca de esgoto?”
Cudd: “Bwuh!? Vo-Você!? Me chutar na cara já é
sacanagem!!”
Kyle quer
interferir, mas Asterios o segura pelo ombro e simplesmente chacoalha a cabeça.
Nesse ponto, é
melhor só deixá-los e ir dormir, parece ser o que ele quer dizer. No entanto,
Kyle ainda está pensando sobre o que Cudd falou antes, e pergunta a Asterios
sobre isso.
Kyle: “Hm, agora pouco o Cudd disse que pessoas
Meio-Imortais são [Imortais incompletos] o que ele quis dizer com isso?”
Tecnicamente,
qualquer criatura com inteligência suficientemente alta é conhecida por ter
alcançado a Semi-Imortalidade, mas seus números entre os humanos ainda são
extremamente baixos.
Por essa razão,
existem muitas poucas pessoas que sabem dos exatos detalhes sobre essa
condição, e Kyle está ansioso para saber mais sobre esse tipo de imortalidade.
Asterios: “Um Imortal incompleto... Bom, de certa
forma é verdade. Eu nunca ouvi falar de nenhum [Imortal] que é verdadeiramente
imortal, e Meio-Imortais são o mesmo. Eu já lutei contra criaturas
Meio-Imortais antes, e minha conclusão foi de que se você destruir o cérebro,
eles morrem como qualquer um.”
Asterios dá dois
tapinhas em sua testa.
Um Meio-Imortal
nascido da fusão da mente, corpo e alma não é capaz de se recuperar se tanto a
mente quanto o corpo sofrerem um ataque direto no cérebro.
A teoria aceita é
de que a capacidade regenerativa é perdida de o cérebro for danificado.
Asterios: “Sem contar que a própria habilidade
regenerativa pode ser uma fraqueza por si só.”
Kyle: “Eh? O que você quer dizer? Não consigo ver
nenhuma desvantagem em ter seu corpo regenerado.”
Asterios: “Cudd falou mais cedo, não existe nenhuma
habilidade conveniente que simplesmente regenera partes do corpo e cura feridas
indefinidamente. Toda essa cura gasta muita energia.”
Tanto energia
física quanto mágica. Tanto o corpo quanto a mente são esgotados para
regenerar... Mesmo que uma pessoa ordinária descubra o segredo da imortalidade,
ele provavelmente não será capaz de regenerar um único dedo, muito menos um
corpo inteiro do pescoço para baixo.
Asterios: “Essa regeneração forçada é o ponto fraco.
Claro, está tudo bem se você conseguir acabar tudo com um único golpe, mas a
fadiga vai se acumular rapidamente só de você simplesmente atacar suas partes
não vitais uma atrás da outra, forçando a regeneração.”
Todos os monstros
famosos tem suas franquezas, como a escama invertida para os Dragões ou a luz solar
para os vampiros, mas é raro a sua força e fraqueza serem as mesmas, como um
Meio-Imortal.
Asterios: “Claro, não estou dizendo que os
Meio-Imortais são fracos. Eles normalmente ganham talentos incríveis ao
despertar.”
Esses talentos são
um tipo de habilidade sobrenatural que não depende do conhecimento sobre magia.
Originalmente, Meio-Imortais acordam com olhos petrificantes como os
basiliscos, e depois poderes únicos começam a aparecer.
Devido à sua
força, eles são algumas vezes considerados e caçados como monstros, ainda mais
porque esse poder tipicamente ultrapassa o limite do que a magia convencional
pode oferecer.
Kyle: “Em outras palavras, para um Meio-Imortal,
a habilidade de regenerar seu corpo é só de onde eles ganharam o apelido, o seu
verdadeiro poder é muito mais do que um corpo que nunca envelhece.”
Asterios: “Eu já lutei contra um Meio-Imortal que
conseguia conjurar e controlar chamas, me pergunto que tipo de talento a
Shirley tem. Seja qual for, ela provavelmente não vai nos dizer.”
Kyle volta sua
atenção para a direção em que Shirley saiu.
O que será que
está na mente daquela espadachim solitária, que se debate para se equilibrar na
fina linha entre Humano e monstro enquanto faz seu melhor para criar suas
filhas?
Ele olha com uma
sensação de tristeza. Enquanto o faz, seu peito começa a girar com sentimentos
semelhantes.
Kyle: (Eu quero retribuir a ela de alguma
forma... Mas o que eu posso fazer para ela...?)
Para poder
perceber seus sentimentos por ela, ele precisa se tornar forte o suficiente
para ser alguém que possa ficar lado a lado com ela. Mas esse sonho é alto como
os céus e efêmero como uma estrela cadente.
Enquanto isso,
Shirley está com seus próprios problemas.
Shirley: “Fuuu... Eu preciso recarregar minha
energia de filhas.... Haa... Eu estou curada...”
Enquanto ela
espalha a fragrância pelo acampamento, aquela mãe amorosa olha para a foto de
suas filhas que ela escondeu em um relógio de bolso que ela mantém entre os
seios, e suspira de alegria ao se recuperar completamente.
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