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A Espada Branca Demoníaca – Parte 2




Homens algumas vezes se referem às mulheres na linguagem das flores, mas o gesto só parece adequado para essa mulher que caminha tão belamente.
Com olhos rubi e safira, ela olha para a terra coberta de morte em sua frente, aquele atraente cabelo branco brilhando no sol.
Como se os deuses tivessem decidido fazer dela uma tela para toda a beleza feminina, suas pernas são flexíveis e longas e seu seio é grande o suficiente para tentar qualquer homem.
Essa mulher, que só está usando botas duráveis de couro e um vestido simples e modesto, será ela alguém da cidade que se perdeu?
Para aparecer desarmada em um lugar tão perigoso, Kyle pensa que certamente ela não pode ser uma aventureira.

Goblin:Gágggyaaaaah!

Os goblins começam a balbuciar excitados.
Surpreendentemente, poucas pessoas sabem por que os goblins se dão o trabalho de sequestrar mulheres jovens. No mínimo, o próprio Kyle não sabe.
No entanto os sequestros sempre seguem um padrão... Normalmente são mulheres com aparências mais suaves que são levadas.
Por isso, a mulher na frente deles é uma presa perfeita. Diferente daquelas perigosas mulheres aventureiras que são habilidosas com armas e magia, os goblins preferem essa mulher de peitos grandes que entrou em seu ninho indefesa.
Seus olhos evidenciam um apetite voraz, e eles começam a lamber os lábios.

Kyle: “Ah... É perigoso...! V-Você tem que correr...!”

Ele desesperadamente tenta avisar a mulher com sua língua mole, mas já é tarde demais.
Um goblin a atinge com um porrete. Um rosto feminino distorcido em medo, tomando um golpe cruel de um goblin, e aquele cabelo branco se espalhando por aquela imundice – Essa é a expectativa de qualquer expectador.

Kyle: “...Eh?”

No entanto, um vermelho brilhante jorra para cima.
Tudo que pode ser ouvido é o grito do goblin ferido mortalmente, que está se contorcendo na sujeira com seu torço basicamente dividido em dois.
Nas mãos da mulher que aparentava estar totalmente desarmada a até alguns momentos atras, está uma espada de mão única pingando sangue. Pisando sobre o futuro cadáver, ela avança à cena.

Goblin:Gyagáhh!?

Ao ver seu companheiro ser facilmente cortado pela mulher, um dos goblins rapidamente vai até Kyle para pegá-lo como refém.
Estando no fundo da cadeia alimentar em um mundo tão implacável, a espécie dos goblins aprendeu a ser cuidadosa com tudo para sobreviver.
E, como resultado, eles sabem que humanos são fracos em situações que envolvem reféns.
Mas, assim que o goblin coloca a ponta de sua lâmina enferrujada nas costas do Kyle e demanda rendição, a mulher joga a sua espada, que perfura o crânio do goblin.

Goblin:Gyah!?
Goblin:Góbúzagh!?

Com uma ímpia velocidade, nenhum olho consegue acompanhar seus movimentos.
Enquanto os goblins perdem a compostura devido à morte do seu companheiro, a mulher dá o ponta pé inicial.
Segurando a mesma espada em ambas as mãos ela decepa cabeças, perfura corações e corta gargantas de todos os goblins à sua frente.


Uma carnificina feita por um borrão branco incomparável, extinguindo a vida dos demônios de tamanho de criança uma a uma. Ela é como uma tempestade, a lâmina de um deus da guerra que corta tudo em seu caminho.

Dragão:GOOOOOOOOOOOOOOWAAAGH! GAAAAH!!

Conforme a última cabeça de goblin voa pelo ar, o imaturo dragão começa a se mover.
Sua enorme mandíbula expõe suas presas afiadas, que podem mastigar um humano com facilidade, e ao saltar, planeja esmagar a mulher com seu enorme pé.

Mulher: “Muito lento”

A mulher brande a sua espada. A mandíbula do dragão de terra é então cortada facilmente, como se não fosse mais dura do que os pescoços dos goblins que a lâmina havia rasgado antes.


Kyle só consegue olhar com uma admiração infantil para a mulher que rasga aquela pele dura como se fosse papel, como se aquelas escamas não fossem diferentes das de um peixe.
Então ele percebe algo. Um medalhão de cobre, pendurado no pescoço dela.

Kyle: (Ela é uma aventureira de ranque B...!!??)

Se um ranque E pode ser comparado a um novato, um ranque B é um aventureiro com experiencia e habilidades.
Parece que se você é forte o bastante para ser um ranque B, é possível até mesmo derrotar um dragão jovem.
Mas algo inquieta Kyle. Embora ele seja um novato, sua intuição treinada lhe diz que tem algo de errado com essa aventureira de ranque B, que se jogou na luta vestida como uma garota simples da cidade.
E mais estranho ainda, aquelas mãos que antes seguravam espadas, agora estão vazias. Olhando para o goblin que tentou fazê-lo de refém, ele vê que a espada que havia perfurado seu crânio também desapareceu.
De certa forma, como usuário de tanto espada quanto magia, Kyle entende que aquelas são espadas criadas magicamente.
No entanto, sendo alguém capaz de somente usar magias básicas, ele não consegue entender completamente.

Mulher: “...”
Kyle: “Ah... P-Por favor, espere!”

A mulher que tenta sair em silêncio, olha para Kyle, que ainda tem dificuldade em retomar o controle de si mesmo.

Mulher: “...O que é?”
Kyle: “Uh...”

Suas sobrancelhas se franzem em aborrecimento, a mulher o encara com aqueles olhos diferentes.
Com 160 centímetros do chão, mais ou menos da mesma altura que Kyle, aquele olhar o faz encolher.

Kyle: “Ah, hm, por antes.... Muito obrigado por me salvar”
Mulher: “Eu não te ajudei do fundo do meu coração exatamente. Se eu deixasse um colega aventureiro morrer dessa forma, a guilda iria se zangar comigo”

A sua linda voz não combina muito com seu rosto manchado de sangue, deixando de lado o que ela está dizendo.
Incapaz de aguentar o olhar daquela mulher que parece ser alguns anos mais experiente do que ele, Kyle desvia seu olhar. Mas apesar da sua cabeça baixa, ele faz o possível para mostrar sua sinceridade.

Kyle: “Mesmo assim... Não muda o fato de que eu só estou vivo por sua causa. Do fundo do meu coração, muito obrigado mesmo”
Mulher: “Haaaah.....”

A mulher olha para Kyle com uma sobrancelha enrugada, mas eventualmente deixa um suspiro sair, como se alguém tivesse acabado de tirar um veneno dela.

Mulher: “Pelo que parece, você e alguns outros aventureiros novatos vieram a esse ninho de goblin só para serem exterminados”
Kyle: “Ah...”

As duas garotas tiveram uma morte miserável, e a única coisa que sobrou do lanceiro, é uma mão ensanguentada segurando uma lança quebrada.
Se essa mulher não tivesse aparecido, Kyle teria tido o mesmo destino.

Kyle: “Nós só viemos para acabar com alguns goblins... Mas aquele dragão apareceu do nada... Por que!?”

Um grande sentimento de culpa percorre Kyle.
Se ele somente tivesse dito para todos recuarem quando o dragão apareceu, talvez as coisas tivessem acabado diferente.

Mulher: “Bom, esse tipo de coisa é comum”
Kyle: “Oi?!”

Kyle encara, sem palavras, a mulher, que diz tais coisas levianamente.

Mulher: “Quando você era pequeno, não se lembra de ficar seguindo a criança mais forte por aí? Ou você não tinha alguém assim?”
Kyle: “Claro... Quando criança, lembro de seguir as crianças mais velhas, que lideravam gangues de crianças menores como capangas... Mas o que isso tem haver?”
Mulher: “Embora, quando forçados a uma situação de lutar ou fugir, animais e monstros sejam basicamente os mesmos, monstros com inteligência comparada a humana, como dragões e goblins, também tem a opção de obedecer e comandar” Resumindo, é como uma relação simbiótica. “O lugar que você achou que era um ninho de goblin, na realidade é o lar de um dragão. É basicamente isso”
Kyle: “M-Mas isso é.....!”

O pedido de exterminação de goblin é de uma vila vizinha.
As pegadas que os fazendeiros encontraram nas suas plantações danificadas são de goblins, quem poderia imaginar que um dragão se escondia entre eles?

Mulher: “Claro, eu também pensei que era só um ninho de goblin, mas um aventureiro deve estar sempre pronto para encontros surpresa com monstros. Nesse caso, é simplesmente a falta de experiencia que os colocou nessa bagunça”

Uma maneira tão severa de falar, com pouca tentativa de aliviar o peso de suas palavras... Mas não tem nada que ele possa usar para retruca-la. É exatamente como a mulher diz. A equipe pensou, ingenuamente, que seria um desafio simples, e uma vez que algo inesperado aconteceu, eles se quebraram completamente.

Mulher: “Bom, já que meu assunto aqui já está acabado, eu vou indo na frente. O que você decidir fazer a partir de agora, é com você”
Assim que a mulher dá as costas ao Kyle, que está sobrecarregado, tentando aceitar o que acaba de ouvir, a fortaleza inteira começa a tremer violentamente. Não é como um terremoto, é como se algo embaixo do forte estivesse se movendo.
Mulher: “Droga”
Kyle: “Uwaaaah!?”

A mulher estala sua língua e agarra Kyle com seu braço estendido. Mesmo que ele queira protestar por ser agarrado de repente, o sentimento evapora-se completamente pelo que ele ouve em seguida.

???:GRAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!!

Um rugido ensurdecedor explode debaixo, enquanto terra e pedras voam do chão.
Kyle quase fica surdo com o som incomparável ao dragão bebê de antes, enquanto fica exposto às pedras caindo em cima dele.

Kyle: “Ah... aahh!?”

Em vez que volta a si, ele vê as pedras caindo em cima dele como se estivessem em câmera lenta. A mulher de cabelo branco agarra o Kyle boquiaberto pela nuca e rapidamente escala as paredes da fortaleza.

Kyle: “O que é isso.... uma piada...?”

Os goblins que se esconderam do massacre são mortos pelo colapso da fortaleza, pedregulhos se espalham por todos os lados.
Kyle, que é jogado ao chão, olha para o dragão que é do mesmo tamanho que a fortaleza que acaba de desaparecer.
Esse não é uma criança. É um dragão adulto. Algo que só é ouvido em histórias e lendas, algo que um ranque B nunca nem poderia sonhar em derrotar.
É trabalho dos aventureiros ranque A, que tem habilidades sobre-humanas, e dos lendários heróis ranque S, lidar com tal calamidade.

Mulher: “Como pensei. Quando sumiu, eu jurei que era uma criança que havia pegado, mas goblins... Vendo isso, eu acho que faz sentido. ...Hey, você está brava por ter perdido seu filho? Eu acho que posso entender como você se sente”

A mulher que apresentava uma figura tão majestosa e cheia de esplendor, agora parece uma figura miserável enquanto murmura para si mesma.

Kyle: “A-ah não...! Seu braço...!”

O braço direito da mulher, até o ombro, sumiu.
Ela se machucou enquanto tirava Kyle da fortaleza em colapso.
Sangrando das feridas cobrindo seu corpo, seu vestido branco e pele pálida estão cobertos por manchas de sangue.

Kyle: (Isso é minha culpa...! Por que ela tentou me proteger...!)

Quanta miséria ele vai ter que aguentar em um único dia?
Depois de ter pessoas machucadas e mortas por sua culpa, ele finalmente vê o fim. Se realmente existe alguém que puxa as linhas do destino, ele o quer espancar com toda sua vontade.

Kyle: “Está... acabado...”

O dragão lhes golpeia com seu poderoso braço. A história vai simplesmente acabar aqui. Eles vão ser esmagados pelo poder do dragão, e a vida do garoto que encontrou uma série de eventos infortúnios durante sua primeira aventura vai acabar.

Mulher: “Por favor, não decida dar um fim a isso sozinho”

No entanto, o golpe do dragão nunca alcançou o chão.
Assim como na fortaleza, o pulso do dragão é cortado com uma espada que não estava ali antes.

Dragão:GRYAAAAAAAAAAAH!?!?!?

O dragão grita, enquanto sangue jorra da elegante ferida.
Enquanto o braço severamente machucado do dragão cai no chão, criando um enorme barulho, a mulher encurta a distância até ele com um pulo que parece ignorar o peso da espada que ela carrega. Mirando no macio pescoço, ela divide a artéria com um único golpe.

Mulher: “A única história que vai acabar aqui é a do dragão”

O dragão começa a cair, ela afunda a sua espada novamente no pescoço e estoura a sua espinha através da sua nuca, a estraçalhando completamente.

Dragão:Ggg... hhh...

Nenhum monstro consegue sobreviver com sua espinha destroçada. A lendária besta que parece ter vindo direto de um conto de fadas é morta tão rapidamente que até parece uma piada, seu corpo finalmente cai ao chão, completamente parado.
O aventureiro novato não entende completamente o que acaba de testemunhar. A única coisa que ele pode dizer com certeza, é que essa mulher de cabelo branco lutou sozinha contra um dragão e o massacrou.

Kyle: “Mas o que!? O seu braço...! Como?!”

O braço que deveria ter sido pulverizado nas ruínas retornou para a mulher, como se nunca tivesse sido machucado.
Ela não usou magia de cura, pelo menos isso ele tem certeza. Mesmo que ele não tenha experiência, se uma magia desse nível fosse usada perto dele, ele a teria sentido, já que ele também é um usuário de magia.
Então, ela se curou sem usar magia? Com essa informação, Kyle só pode pensar em uma possibilidade.

Kyle: “Impossível... você é meio imortal...!? Esse cabelo branco... Esses olhos... Sem chance, você é...!?”

Todos os seres vivos são constituídos de mente, corpo e alma.
Ele ouviu falar de indivíduos monstruosos com a habilidade de restaurar seu próprio corpo ao conectar a alma diretamente ao seu corpo, mas isso é uma anormalidade extremamente rara.
Embora Kyle seja uma pessoa ordinária, ele ainda assim ouviu falar de cinco seres com essa habilidade. Devido à sua raridade, histórias e rumores sobre quem os possui viajam por todo o mundo.

[A Bruxa Dourada] – Canary.
[O Grande Dragão] – Aion.
[O Santo do Nirvana] – Hermes.
[O Ladrão Fantasma] – Corwley Arsene.

E o rumor sobre a guerreira mais forte de todos, alguém cujas lâminas causam estragos aonde quer que vá, pertencente a uma guilda de aventureiros remota.
Uma guerreira com olhos perfurantes, um vermelho e outro azul. Cabelos brancos que dançam no campo de batalha, brilhando como a ponta de uma espada nos olhos de seus oponentes. Uma guerreira sem comparação, digna do título de Deusa da Guerra.

[A Espada Branca Demoníaca] – Shirley. Esse é o nome da mulher.

É uma história muito comum.
Um aventureiro que pega uma missão que parece simples e nunca volta.
Várias das vezes, acaba sendo devido a monstros que subjugam outros monstros.
Um dragão que deseja juntar ouro e prata comumente comanda demônios mais fracos para coletarem tais tesouros para ele.
Aventureiros aceitando pedidos e encontrando seu fim dentro de tais armadilhas mortais é um conto comum que você vai ouvir trabalhando no ramo dos aventureiros.

Shirley: “Graças a Deus, não parece ter arranhado”

Dentro da fortaleza está o ninho do falecido. Shirley não se importa em olhar para os tesouros que trazem luz ao lugar, mas algo chama a sua atenção.
Ela vê dois pentágonos feitos de papel barato, de cor prateada e dourada. Duas estrelas feitas naquele formato de dobra de papel do Leste, parecem totalmente fora de lugar no meio de todo esse tesouro brilhante.

Shirley: “Sério, confundir isso com tesouro, ter goblins como subordinados deve ter sido bem difícil, huh?”

Não parece provável que os goblins tenham feito isso eles mesmos.
Em algum de seus episódios de caça ao tesouro, os goblins devem ter roubado isso achando que eram acessórios de ouro e prata.
Dito isso.

Shirley: “Bom, isso vale mais do que qualquer tesouro para mim. Sério, roubar o primeiro presente de aniversário que eu ganhei daquelas crianças. Seria uma vergonha se eu tivesse que extinguir a raça dos goblin por algo assim”

Os goblins haviam pilhado esses presentes do quarto dela quando ela estava fora um dia, e para recuperá-los, ela tem erradicado todos os ninhos de goblins na área. Não tem como dizer o quão longe ela iria para acha-los, mesmo que ela tivesse que achar até o ultimo ninho de goblin do mundo para recuperá-los.

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