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Pedido de Equipe




Shirley: “Tio, por favor, sente-se direito e não adormeça”
Tio: “Fuwaaaa~n”

Está mais ou menos na hora em que suas filhas e outras crianças em torno da idade delas vão para a escola. Shirley coloca a Tio sentada em frente ao espelho e gentilmente penteia seu cabelo.
Tio tem um péssimo hábito de adormecer que Sophie e Shirley nunca tiveram. Acordar é especialmente difícil para ela.
Sophie, que adora fazer o papel de irmã mais velha, é quem normalmente toma conta de manter a Tio acordada e arrumada pela manhã. Mas ultimamente ela tem acordado mais cedo e saindo enquanto Tio ainda está dormindo.
Hábitos são coisas terríveis e traiçoeiras, então Shirley, que está acostumada com Sophie lidando com essas coisas na manhã, teve um grande choque quando Tio apareceu no salão de jantar de pijamas e com o cabelo todo despenteado, tendo esquecido de se trocar. Ela rapidamente a levou de volta ao seu quarto para tentar arrumar isso com uma escova e manda-la para a escola.

Shirley: “Fala sério, aparecer no salão de jantar desse jeito. Eu sinto que estou falando isso demais, mas você já é uma moça de 10 anos agora, você tem que cuidar da sua aparência”
Tio: “Mm. Mas isso realmente não me incomoda”
Shirley: “Esse não é o problema... Haa...”

Tio consegue acordar completamente depois de perigosamente quase cochilar de novo e se apressa para trocar suas roupas e lavar seu rosto. Shirley suspira enquanto assiste ela.
Uma garota realmente deve cuidar melhor de si mesma. Mesmo que ela tenha sido uma aventureira pelos últimos dez anos, ela foi uma nobre por quase o dobro disso.
Mesmo que elas penteiem o cabelo de forma simples e se vistam modestamente, ninguém pode chamar essa família de desleixada.
Não é exagero dizer que Shirley e suas filhas possuem uma beleza incrédula, e a forma simples com que se adornam só serve para aumentar ainda mais essa atração misteriosa.
Mesmo que ela seja uma aventureira agora, uma profissão sempre associada com personagens de características ásperas e olhares cruéis, o orgulho da Shirley como mulher e como mãe dita que ela e suas filhas devem sempre ter a melhor aparência possível.

Shirley: (Ser como a Sophie é uma coisa, mas ela é quase um homem se comparar o quão pouco ela liga para esse tipo de coisa)

A única coisa que a salva é que ela gosta de tomar banho. Fora isso, se ela não estiver sendo vigiada por Shirley ou Sophie, Tio simplesmente veste pijamas o dia inteiro, sem se trocar ou pentear o cabelo, e acaba dormindo onde e quando quer, sem se importar quão indefesa ela está.
Ela a lembra um gato de rua, é muito difícil controlar essa amada filha sua.

Shirley: (Bom, talvez isso seja uma coisa boa?)

No entanto, essa é a Shirley, reconhecida por todos como uma mãe estupidamente amorosa. Na verdade, ela gosta de ser capaz de mexer com a Tio constantemente.
Mesmo que ela esteja contente que a Sophie esteja se tornando madura e independente mais cedo do que sua idade implica, isso ainda a faz se sentir um pouco sozinha, então, ter que manter um olho na Tio o tempo todo é uma diversão secreta.
Apressar-se em fazer coisas triviais para suas filhas é o maior contentamento da vida dessa mulher.
Mas há um problema. Não importa o quanto Shirley deseje que isso não aconteça, eventualmente Tio vai crescer e se tornar uma adulta independente por conta própria.
Mesmo que essa ideia a aborreça, um dia ela talvez tenha que confrontar a imagem de um homem andando ao lado da Tio.
Ela se arrependerá pelo resto da sua vida se o homem dos seus sonhos for afastado por esse comportamento desleixado dela.
No entanto, só dizer coisas não te transforma em uma mãe. A política educacional da Shirley diz que mesmo que as garotas sejam jovens, elas devem fazer o cuidado com a aparência pessoal um hábito diário.
...Embora nesse caso, os resultados ainda não sejam visíveis.

Tio: “De qualquer forma, mãe, é verdade que você não vai voltar para casa hoje nem amanhã?”
Shirley: “Sim. Eu pedi para a Martha fazer a comida de vocês”
Tio: “Hrmm... Isso é mais tempo que o normal...”

Alguns aventureiros passam quase uma semana no campo de batalha depois de aceitar uma missão.
Shirley é o tipo de aventureira que só aceita missões de menos de um dia de viagem para fora da cidade, não importando a dificuldade ou recompensa, por que ela quer gastar o máximo de tempo possível com as suas filhas.
Outra razão para ela preferir lutar perto da cidade é para que ela possa exterminar os monstros que procurar perturbar o lugar onde suas filhas vivem, embora, ao contrário dos rumores, ela às vezes se aventure mais longe.
Se não há missões próximas, ela deixa suas crianças aos cuidados da Martha pelo dia, e ataca monstros que aparecem nas rotas que levam até a cidade, especialmente aqueles monstros que estão dificultando o suprimento de comida para as refeições que ela quer cozinhar.
Independente do primeiro motivo, o segundo é uma questão de vida ou morte para outros aventureiros. Embora monstros certamente sejam atraídos por grandes quantidades de comida, ranchos e fazendas normalmente têm aventureiros residentes ligados a eles, então é raro que a Shirley tenha que ir tão longe.

Shirley: “Você está certa. Já fazem dois meses desde a última vez que pedi para a Martha cuidar de vocês, não é?”
Tio: “É um pedido de uma fazenda de novo?”
Shirley: “Não, dessa é vez é para... Ah, você tem que se apressar ou vai se atrasar”
Tio: “?”

Tio inclina sua cabeça para sua mãe que cortou a história na metade. No entanto, Shirley não se atreve a continuar.
A única razão para ela ter pego essa missão é para que ela possa juntar materiais para os presentes de aniversário de 15 anos das suas filhas.
Esse dia vai marcar um ponto de virada nas suas vidas, então ela quer que esses presentes sejam uma completa surpresa.

Shirley: “Vamos, você tem que tomar seu café da manhã e ir, ou não vai chegar a tempo”
Tio: “Muu... Se ao menos eu não tivesse que trocar de roupa. Nós fazemos isso todo dia, mas é tão chato...”
Shirley: “Você não pode ser assim. Um dia, você vai ter que fazer isso todo dia por conta própria, sabia?”
Tio: “Sério?”
Shirley: “Sim, sério!”

Enquanto ela tenta convencer a relutante Tio, ela afaga o cabelo da garota. E aquele sorriso em seu rosto, que não pode ser visto por mais ninguém, está cheio com o mais quente dos amores.
Depois de mandar Tio para a escola com segurança, Shirley para no ferreiro antes de ir até a Guilda.

Ferreiro: “Você quer encomendar uma picareta!?”
Shirley: “O que você está tentando dizer?”

Shirley ergue a sobrancelha em indignação para a pessoa que gerencia a forja nessa cidade fronteiriça, um Anão chamado Dimros, cuja barba cobre todo seu peito.

Dimros: “Nós vendemos armas e armaduras aqui, não ferramentas. Se você quer uma picareta, arrume em outro lugar”
Shirley: “Você já não fez picaretas excelentes antes? Todas as picaretas que se pode alugar na Guilda são suas, não são?”

Mesmo que eles pareçam ter o coração frio e direto. Anões são uma raça com um forte sentimento de dever e empatia. Se um aventureiro estiver em necessidade, eles geralmente aceitam pedidos em suas lojas, mesmo que seja algo que tipicamente não façam.

Dimros: “Se você a precisa para uma missão de mineração, significa que você é uma aventureira, certo? Só vá e pegue uma emprestada na Guilda”
Shirley: “Não é uma missão de mineração, é uma exterminação de monstro. Eu provavelmente poderia pegar emprestado se implorasse, mas eu realmente não quero ter que explicar minhas razões para ninguém”

Em todo caso, para conseguir os matéria que ela precisa, uma picareta é necessária. E já que ela só quer o melhor, faz sentido que ela não queira uma dessas coisas baratas produzidas em massa, mas sim uma picareta feita por um ferreiro mestre.

Dimros: “...Bah. Espere aí por um momento”

Depois de Dimros ir até os fundos da sua loja, Shirley olha em volta para as armas e armaduras que cobrem as paredes.
Todo o aço foi polido até chegar em um acabamento imaculado, e os poucos aventureiros na loja tem armas em suas mãos, testando o balançar do golpe e equilíbrio.

Aventureiro: “Ei, olhe para aquela beleza”
Aventureiro: “Por que diabos ela está em um ferreiro?”
Aventureiro: “A Espada Demoníaca... Ela é uma cliente regular daqui?”

Enquanto Shirley caminha em direção à uma espada que chamou sua atenção, ela completamente ignora o aventureiro novato que a encara em admiração, o aventureiro que acabou de chegar na cidade a encarando curiosamente e o aventureiro veterano que a encara com uma expressão aborrecida.

Shirley: “Hm”

Essa loja tem uma boa quantidade de espaço entre um display e outro. É adequado dar aos compradores em potencial uma chance de testar a arma em sua mão.
Mesmo que não esteja encantada com nenhuma magia, ela consegue ver, enquanto a balança, que essa espada é uma obra de arte da habilidade anã.
Se um amador a ver, pensará que é só uma magra mulher brincando com uma espada. De fato, é isso que o aventureiro novato está pensando agora.
No entanto, enquanto ela faz tais movimentos, que fazem golpes decisivos parecerem brincadeira de criança, qualquer espadachim experiente consegue ver a imagem daquela espada cortando através do aço em suas mãos.

Shirley: “Hmm? Essa é... uma nova criação dele?”

Enquanto repete o movimento de balançar a espada e retornar à posição original, Shirley se pergunta sobre a espada de duas mãos que tem curvas na lâmina como se fossem ondas.
Ela gosta da sensação de balançá-la. Mas além disso, quando Shirley tenta pensar no verdadeiro propósito por trás da aparência dessa espada, ela não tem ideia.

Dimros: “O que te atraiu para essa aí?”

Dimros olha para a espada nas mãos dela ao retornar, carregando uma picareta.

Dimros: “Diga-se de passagem, não peça desconto. Os cobradores de imposto estão me enchendo o saco recentemente”
Shirley: “Yeah, você não é o único. A propósito, Dimros, que tipo de espada é essa? Eu nunca vi esse formato antes”
Dimros: “É um design novo que eu estou experimentando, eu peguei a ideia de uma tribo de uma país a sudoeste daqui. Feridas feitas por essa espada são extremamente difíceis de se curar com magia de cura... ou pelo menos devem ser”
Shirley: “Devem ser?”
Dimros: “Ah. Ninguém ainda comprou porque não confiam no design. Todas as espadas que eu já fiz com curvas não venderam antes também, o que há com esses humanos aventureiros sendo tão pouco aventureiros?”

Pertencendo a uma raça com período de vida tão longo quanto os elfos, Dimros provavelmente já viu uma grande variedade de guerreiros ao passar dos anos. Ter suas novas armas descartadas por serem novidade... Shirley consegue entender como ele se sente.
Mas ainda assim, ele continua tentando fazer designs inovadores. Shirley não consegue desgostar desse obstinado ferreiro.

Shirley: “Certo. Eu vou levar essa daqui também. Eu vou testar se ela impede ou não a magia de cura para você”
Dimros: “Oi oi, essa foi uma decisão rápida, não foi? Você sabe que o manuseio dela é totalmente diferente do de uma espada normal, não é?”
Shirley: “Não se preocupe, eu vou praticar com ela. Dito isso, como você chama esse tipo de espada?”
Dimros: “Lá, eles a chamam de Flamberge. Na linguagem desse país, significa Lâmina Flamejante”

Assim que ela ouve isso, ela conclui seus negócios. Ela sai da loja com a picareta... e com a Flamberge.

Dimros: “Cara, eu realmente consigo alguns clientes chamativos e problemáticos às vezes. Me pergunto se vender tal espada para aquela mulher gentil foi uma boa ideia...?”
Aventureiro: “Mas como um comerciante, desde que te paguem você não tem nenhuma reclamação, não é?”
Dimros: “Seu idiota! Como um ferreiro, eu quero ver minhas criações nas mãos de guerreiros habilidosos!”

Mas que romântico este anão é! Enquanto ignora o pequeno rancor se acumulando atrás dela, Shirley sai da loja.
Nem sombras ou restos daquela espada ou picareta existem mais naquelas mãos que as seguravam à alguns segundos atrás.


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Cruzando o corredor da Guilda de Aventureiros para o quadro de missões, ela encara o papel que está estampado com uma grande palavra em vermelho, [Emergência].
Assim como Shirley planejou, ninguém pegou a missão para exterminar o Dragão vivendo na mina Jewelsaad.
Enquanto Shirley leva o pedido até o balcão, ela se encontra com Yumina que sorri grandemente ao vê-la, e então se choca ao ver a missão que ela está segurando.

Yumina: “Shirley, você vai aceitar essa missão?”
Shirley: “Sim. Eu também tenho minhas próprias razões”
Yumina: “Oh, graças à Deusa. Os aventureiros de ranque A estão todos ocupadas com essa ou aquela emergência, a Guilda teve que adiar o envio de uma equipe”

Ela tem o rosto de alguém sortudo que acaba de achar uma moeda de ouro na rua.
Existem muitos poucos aventureiros ranque A no mundo. Comparado aos seus números, a quantidade de pedidos emergenciais é enorme, e atualmente, esses aventureiros de elevado ranque estão ocupados indo de uma emergência à outra.
É por essa razão que Shirley não quer ser promovida.

Yumina: “Além disso, Shirley, se possível, eu gostaria que você pegasse esse pedido com uma equipe”
Shirley: “Hã?”
Yumina: “Hie!?”

Shirley não pode se conter em fazer uma reação assustadora. Se apurassem seus ouvidos, poderiam escutar o som de estalo na mesa que não está sendo tocada, mas eles preferem fingir que é a imaginação deles.
Mesmo que Yumina esteja tremendo sob o olhar dela, ela se recompõe internamente.

Yumina: (Eu não posso perder agora!)

E encara de volta aquele olhar afiado.

Shirley: “O que você quer dizer com isso? Sem chance, você está tentando acabar com os obstáculos para a minha promoção?!”
Yumina: “N-não! É por... Sim, é por aquela razão! Existem algumas circunstâncias envolvidas, mas basicamente essa equipe de aventureiros está aqui pela mesma missão que você, então por que não a fazer juntos...?”

Yumina tenta explicar enquanto faz todo tipo de gesto com as mãos. Embora ela tenha distorcido suas falas um pouco, ela transmite seu significado bem o bastante para que a Shirley se acalme.

Yumina: “Está sendo liderada por um aventureiro de ranque A, mas é uma equipe feita para treinar novatos que foi formada a pedido da Guilda. Embora eles tenham sido mandados para ajudar com o problema do Dragão, é um ato suicida lutar virtualmente sozinho, uma vez que nenhum aventureiro ranque E pode lutar contra um Dragão. Mesmo que seja uma emergência, é difícil para uma pessoa assumir o comando de uma equipe inteira sozinha, e algumas pessoas podem inevitavelmente acabar feridas. Quando um instrutor ranque A forma uma equipe cheia de membros de ranques baixos, é costumeiro também ter um ranque B na equipe para dividir um pouco as responsabilidades de liderança”
Shirley: “Eu já entendi. Só aconteceu de eu ser a aventureira conveniente, certo?”

Muitas coincidências ocorreram por acaso, ou alguém está controlando tudo isso, mas de qualquer forma, Shirley estremece por ter uma das paredes que impedem sua promoção ser derrubada.
Para ser honesto, Shirley está bem confiante que pode derrotar o Dragão sozinha. Ela não tem intenção de subestimar seus oponentes, mas ela está baseando seu julgamento em suas experiencias passadas.
Portanto, ela poderia terminar a missão sozinha também. Além disso, aventureiros de ranque E só vão atrapalhar. Quando ela está a ponto de rejeitar a proposta, Yumina lhe diz algo que a faz morder a ponta da sua língua.

Yumina: “Diga-se de passagem, a própria Mestre da Guilda pediu pessoalmente para que você ajude a melhorar a próxima geração de aventureiros, eu me lembro que a palavra usada foi [por favor]”
Shirley: “Ugh”
Yumina: “Eu ouvi que a Shirley deve um grande favor à Mestre da Guilda, isso é verdade?”
Shirley: “Uuugh”

Isso aconteceu a cerca de uma década atrás. Nessa época, enquanto procurava pela Guilda de Aventureiros com nada mais do que as roupas em seu corpo e dois bebês em seus braços, vagando sem rumo pelo Reino sem um mapa, a Mestre da Guilda cuidou dela e recomendou que se ela se mudasse para essa cidade fronteiriça, até mesmo deixou que ficasse de graça na Casa do Déficit.
Shirley sempre fala sobre como devolver favores é a chave para construir confiança para suas filhas. Se a própria Shirley não seguir esses ensinamentos, como ela pode esperar que suas filhas o vão?
Além disso, usar a palavra [por favor] é simplesmente injusto. Se ela recusar, seria como se Shirley retornasse ao monstro sem consciência que era antes da Sophie e Tio.

Shirley: (...Aquela bruxa. Você poderia ter vindo diretamente e me pedido você mesma)

Se ela recusar... É mais do que provável que aquela mulher começará a chorar lágrimas de crocodilo e vai começar a falar sobre como ela a havia ajudado todos esses anos atrás. Esse é o tipo de mulher que ela é.
Shirley expira um suspiro e ergue suas mãos como se estivesse se rendendo.

Shirley: “Eu já entendi. Então, os outros estão bem em trabalhar comigo?”
Yumina: “Sim, absolutamente! Foi realmente tranquilizador ver o quão entusiasmados todos estavam! Agora, vamos lá nos encontrar com eles!”

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