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Capítulo 4 (Parte 2)




“Eh? Nishida? Por que você está aqui?”
“Porque este é o bar no qual Fuwa trabalha, não é? Não tem ninguém na escola que não saiba disso. Perguntei a algumas pessoas e então resolvi visitar.”

Eu olho para Nishida, que estava indiferente e soltando risadinhas, inexpressivamente no balcão.
Usando saltos de setenta centímetros, Nishida está em sua forma mais perfeita. Ela me olha com um ângulo de perspectiva ainda maior que o normal.
Depois de passar por mim com passos largos, Nishida imediatamente vai até a barwoman e pede uma bebida sem álcool. Alguns instantes depois, ela retorna com uma taça d’água em sua mão.

“Heh~ É um ótimo lugar, não é? Relaxante e confortável, embora não pareça um lugar que combina com a Fuwa.”
“Isso não é verdade. Você simplesmente não sabe nada sobre ela. Aliás, você não disse que tinha outra festa agendada para hoje?”
“Haha, não, nem pensar.”

Nishida sorri enquanto nega, eu franzi as sobrancelhas em dúvida. A atmosfera ao redor da Nishida está muito diferente de quando estamos na escola. No mínimo, ela está muito mais agradável, mas isso não significa que não há com o que se preocupar... Não é porque ela está agradável que ela irá respeitar qualquer um, tenho que ter cuidado...

“Nishida?”
“Hm?”
“Aconteceu alguma coisa?”
“Não~?”

Quando eu estava prestes a fazer mais perguntas a Nishida, Chisaki se aproximou de repente, ela também ficou pasma com a presença da visitante não convidada. Isso não é bom, nada bom...

“Hã? Por que você está aqui?”
“Eh, este lugar parecia divertido então resolvi visitar, sabe?”
“Você está mais para uma stalker, que desagradável. Poderia, por gentileza, sumir daqui?”

Ah, ei... Espera, espera, espera. Nada de guerra por aqui!
Cadê a árbitra Karen-san quando se precisa dela...? Aah, para ela sumir logo num momento crucial desses, não me diga que ela já escolheu suas garotas e foi pra casa!? Puxa vida, o que eu faço...? Devo desencadear os poderes de aikido da Aya...? Acho que ninguém vai... Não! O que eu tenho na cabeça!? A Aya também sumiu!?

“Ei, ei, Chisaki, cadê a Yume? O que houve com ela?”
“Ela está batendo papo com umas barwomen descoladas com o rosto vermelho igual camarão. Fala sério... é uma atrás da outra.”

Então é por isso que você está tão marrenta assim!? O que tem de errado com vocês!? Vocês foram avisadas desde o início!
Enquanto eu estava confusa com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, para minha surpresa, Nishida entrou na conversa e acalmou a Chisaki.

“Ei, Chii, o propósito de uma festa é se divertir, não é? Então larga esse mau humor. Reina-san não é tão estúpida para querer arranjar encrenca com os assuntos de outra pessoa.”

Chisaki arfa ao escutar aquele apelido íntimo vindo de alguém que ela não esperava.

“...Ha! O que está acontecendo aqui? Deve ter alguns séculos desde a última vez que escutei você me chamar por esse apelido... Quem te deu permissão de parecer tão íntima como se nada tivesse acontecido?”
“Porque não estamos na escola, então não preciso me preocupar com a atmosfera ao meu redor.”

Nishida ri.
Eu olhei discretamente para a Chisaki, ela estava sem palavras. Eu também estou congelada pelo choque... O que deu nela?

“Me desculpe, Marika, por tê-la convidado para aquela festa. Eu precisava encontrar alguém livre, mas você já tinha outros planos para o natal, não é?”

...Quê? Como assim?

“Espera. Então você me convidou porque sabia que eu recusaria? Ou melhor... você queria que eu a recusasse?”
“Hm, talvez?”

Eu estreito meus olhos para ela. Tem algo estranho no ar... Eu começo a entender vagamente.

“Essa sempre foi sua intenção?”
“Não é bem assim. Muitas coisas aconteceram, mas resumindo, Reina-san não tem interesse em homens. Se alguém se declarar, eu aceito, e no caso do último, ele poderia ter me tornado mais famosa. Mas acabou que não deu em nada. Eu já estava pensando nisso há muito tempo, mas também não queria deixar de cumprir a promessa que fiz com minhas amigas, eu precisava mantê-la.”
“Ah...”
“Já faz um tempo que sou convidada para festas e coisas assim, então achei que um namorado aumentaria ainda mais meu status. Mas ainda não consegui enxergar os benefícios, eu só sinto meu corpo se desgastando cada vez mais. Estou cansada disso!”

Nishida desliza seu dedo na beira do copo e faz um sorriso pretensioso.

“Eu a convidei para aquela festa no Natal porque eu sabia que você não poderia ir. Então muito obrigada, graças a você eu saí daquela bagunça.”
“Por que?”
“Hmm? Nem eu sei porque contei isso a você, esquece. Ontem você também precisou falar aquelas coisas que não precisavam ser ditas, então quis compensar por aquilo. Se tivesse que apontar uma razão... será que é porquê Reina-san gosta da Marika?”

Não, você está desviando o foco.

“...Elas não são suas amigas? Por que você mentiu e prometeu participar mesmo não pretendendo? ...Isso não é cruel?”

Eu pensei estar falando sério quando perguntei isso, mas Nishida caiu na risada como se tivesse escutado uma piada.

“Marika, você é uma garota muito gentil, sabia? Por isso todas amam você.”

Pare de enrolar e me responda!
Mas afinal, o que está acontecendo? A Nishida que eu costumava ver e a Nishida atual parecem pessoas completamente diferentes.

“Ela é esse tipo de garota, Mari. Nunca conta a verdade.”

Chisaki resmungou.

“Quando estávamos no primeiro ano do ensino médio, Reina e eu éramos muito amigas. Pelo menos, era o que eu pensava. Nós nos dávamos muito bem, e estar com ela fazia eu me sentir confortável. Mas então, ela me traiu.”
“‘Me traiu’ é exagero, Chii.”
“Exagero uma ova! Você trata suas amigas como salgadinho de rua, só pra matar sua fome! Você mesma chegou pra mim e disse para eu não falar com você depois da escola só por causa do seu trabalho como modelo! Aposto que nem se lembra disso. Pensei que fosse minha amiga.”

A voz da Chisaki é abafada pela música alta de jazz tocando no bar.
Chisaki é do tipo que se dedica a suas amigas mais do que tudo. Naquela vez, quando eu ainda estava escondendo meu relacionamento com Aya dela e da Yume, foram suas palavras que me cativaram. Essa personalidade deve ser resultado da briga que ela e a Nishida tiveram.
Porém, embora Chisaki estivesse se esforçando para expressar seus sentimentos, Nishida permanece calma.

“Reina-san também sente muito por acidentalmente magoar a Chii com essas palavras. Eu deveria ter sido mais compreensiva. Como dessa vez, em que eu usei a Marika para mentir. Estou melhorando, não acha?”

Nishida suspirou, mudando de humor novamente. Agora ela parece uma mãe que está cansada de sua filha rebelde.

“Você é muito temperamental, Chii. Você ainda não entendeu? Coisas como amizade no colégio, ou estar em um relacionamento, qual a razão dessas coisas? O importante é se divertir, não é, Marika?”

Chisaki range os dentes, enquanto eu penso nas palavras da Nishida.

“A escola é um lugar pequeno, uma sala é menor ainda. Não tem como trinta pessoas colocadas aleatoriamente na mesma turma se tornarem amigas para a vida toda, muito menos namoradas. Não sabemos o que o futuro nos guarda, então por que tentar?”

Nishida olha para mim como se eu fosse uma presa.

“Você entende, não é, Marika? Por isso Reina-san gosta de você.”
“Isso...”
“Não é?”

Nishida sorriu. Um sorriso que expõe minha alma.

“Reina-san trabalha como modelo, e sou bem séria quanto a isso. Embora ainda não seja uma modelo de tempo integral, eu já decidi que este será o meu futuro. Eu também tenho paixão por certas coisas.”
“...Isso é ótimo.”
“Não é? Por isso eu não me importo com a escola. Além disso, não aguento mais me envolver com homens, mas acho que isso conta como um desafio a ser superado, não é? Eu também não dou atenção a Chii. Não nos falamos há muito tempo, mas eu sempre a receberei de braços abertos.”

Com meus olhos fixados na Nishida, eu refleti. E finalmente, eu entendi. Sua...
Lentamente, eu começo a falar.

“Você me chamou de arrogante uma vez, mas não acha que a arrogante é você mesma, Nishida? Sentindo a liberdade de fazer as coisas como bem quiser, independente de como os outros vão se sentir. Tudo que você faz é se adaptar ao clima, você não se importa nem um pouco com as pessoas, não é?”
“Talvez. Reina-san também é esse tipo de gente.”

Nishida acena, concordando facilmente.

“Eu fiquei tão feliz quando descobri que outra pessoa pensava igual a mim. Tão feliz que nem sei descrever. Ei, Marika, me chame de Reina.”
“Não, obrigada. Nishida já é mais que o bastante.”
“Por quê? Você é tão chata.”
“Porque eu não sou como você.”

Não diria que a encarei, mas olhei diretamente em seus olhos.
Sim, eu também prefiro seguir o fluxo das coisas, mas eu nunca achei a escola um lugar irrelevante. Chisaki e Yume são minhas amigas mais queridas. Mesmo que Nishida esteja certa com sua visão da sociedade, isso não significa que o ambiente escolar seja supérfluo.

E claro que ela é completamente diferente da Aya, pois Aya tem um lugar ao qual pertence. Embora ela seja mais habilidosa que a Nishida, ela é desajeitada e imatura, ao ponto de não conseguir fazer amigas. Mas não importa o quanto ela tropece, ela nunca desiste e sempre dá o seu melhor.
Por isso, mesmo que ambas sejamos admiradas e amadas pelas pessoas ao nosso redor... Nós somos totalmente diferentes.
Ah, então é isso.
De repente, eu me dei conta.

“Nishida.”
“O que foi?”

Eu respirei fundo antes de falar.

“Parece que eu me enganei sobre você esse tempo todo.”
“Ah, é mesmo?”

Nishida parece interessada, e eu não hesitei em continuar.

”...Eu achava que você era muito mais legal.”

Por um momento, Nishida fica em silêncio.

“Eh?”

Parece que essas palavras foram um banho de água fria nela.

“Nishida, você disse que leva muito a sério seu trabalho como modelo. E se alguém de repente fizesse o mesmo trabalho que você de forma muito mais preguiçosa e dissesse, ‘Fala sério, ser modelo é só isso’? Não acharia essa pessoa ignorante? O mesmo vale para a nossa discussão, tem coisas que você nunca conseguirá entender a não ser que se dedique de coração.”
“...Aonde você quer chegar?”
“Eu cheguei a conclusão de que não somos nada parecidas.”

Eu aponto meu dedo no meio dos seios da Nishida e continuo minhas acusações. Eu estou imitando a atitude da Aya quando estamos na cama, falando como se quisesse insistir que o que ela diz é a verdade.

“Nishida, você nunca realmente se divertiu na escola, não é?”
“Hã?”
“Eu entendo que você é muito ocupada com o seu trabalho de modelo e não tem tempo para se dedicar a escola. Mas apenas desistir de tudo, cortar relações valiosas e agir como está agindo agora, não é a Nishida, é? Você é mesmo essa pessoa chata e sem graça?”

O sorriso de Nishida se distorce gradativamente.

“Marika, como se atreve...”
“‘Não sabemos o que o futuro nos guarda, então por que tentar?’ Quem te disse isso? Você já tentou? Com todas as garotas da turma? Como vai saber se não tentar entendê-las a fundo? Eu apenas descobri o quanto a Chisaki é uma boa pessoa recentemente. Nós somos amigas há muito tempo, mas ainda existem muitas coisas que não sei sobre ela. Não é, Chisaki?”

Eu me virei para a Chisaki sorrindo, ela encolheu os ombros e disse “...Hmm, acho que sim?”
Nishida suspira. Escutar seu suspiro me fez sentir como se a atmosfera tivesse ficado exponencialmente mais séria.

“Não é como se eu estivesse descartando elas ou algo do tipo, Reina-san apenas não precisa delas. Não quero me incomodar com isso. Eu só quero que as coisas sejam simples e divertidas. Você não entende?”
“Não, porque eu prefiro me incomodar. A Aya é um incômodo às vezes, a Chisaki e a Yume também, e claro, eu também sou. Mas isso é parte do que faz as pessoas felizes. Embora isso seja apenas a opinião pessoal de uma garota qualquer.”

Os olhos da Nishida ficam afiados, fixados em mim.

“Eu lembro de você me dizer que também só quer se divertir. Era mentira?”
“Eu falei isso, mas não me compare com você. Minha diversão não é desculpa para mentir ou tirar proveito dos outros ao meu bel-prazer. Eu sempre me coloco no lugar das outras pessoas e as entendo para que possamos nos divertir juntas.”

Eu sorrio enquanto balanço as mãos na altura dos meus seios.

“E tudo bem se você quiser continuar isolada no seu casco. A vida é sua, não posso forçá-la a nada. Porém, se você disser isso indistintamente para alguém que tenta aproveitar a vida... Nem mesmo Sakakibara Marika ficará em silêncio.”

Nishida bateu no balcão causando um enorme BAM. O barulho atraiu a atenção de todas ao redor. Ela suspirou e balançou a cabeça. Parece que minhas palavras não são fáceis de serem absorvidas, né? Mas aposto que retrucá-las é ainda mais difícil.
Nishida se recusa a recuar e vem em minha direção.

“Marika, você está me dizendo que é possível encontrar minha alma gêmea em um espaço tão apertado como a escola?”
“Não estou falando que você vai, mas nunca se sabe. Se continuar com essa mentalidade conservadora e não ser ousada, como vai encontrar sua alma gêmea?”

Nishida olha para Chisaki.

“...Reina-san e Chii não podem ser almas gêmeas!”
“Bom, isso é verdade, mas ainda há muitas outras. Você mesma disse que temos 30 pessoas na turma, não é? Ainda tem 29 para conhecer.”
“Sua cabeça é de vento ou o quê?”

Nishida se aproxima de mim furiosamente. Ela é tão alta que preciso inclinar a cabeça para olhar em seus olhos. O sentimento de opressão me consome.

“Você é a ridícula nessa história, Marika. Qual a razão de duas garotas namorarem? Você só fica com garotas porque não pensa com seriedade sobre seu futuro, não é? Quanta hipocrisia.”
“Q-quê!?”

Por que trazer esse assunto à tona? O que ela pretende?
Eu não estou entendendo muito bem, mas de uma coisa eu sei: a Nishida está lentamente ficando fora de controle.

“É exatamente dessa forma que pessoas que procuram prazeres momentâneos pensam! Vocês não podem se casar, não podem ter filhos e mesmo assim namoram? Se você fosse séria, não seria homossexual, Marika! Você só sabe falar!”

Essa garota... Como ela se atreve a dizer isso num lugar desses. Eu pensei por um segundo.
No segundo seguinte, eu fui tomada pela raiva e gritei com os pulmões cheios, ignorando todas ao meu redor.

“VOCÊ ESTÁ ERRADA!”

Nishida afastou a cabeça e ficou em silêncio.

“Eu não dou a mínima pro futuro e eu não faço ideia do que ele guarda para nós, mas eu amo a Aya! Você acha que amor homoafetivo é apenas algo temporário nos dias de hoje? É claro que não! Mesmo se... for como você diz e no futuro eu termine com a Aya, realmente seria muito difícil, e não quero que isso aconteça nunca... Mas o fato é que eu amo a Aya, e isso é inquestionável!”

Eu encarei a Nishida com olhos ardentes e rangi os dentes.
Ah, é verdade... a razão de eu não querer tornar nosso relacionamento público... é por não querer escutar essas coisas.
Quando me dei conta, lágrimas estavam escorrendo em meu rosto.
Que patético, só de imaginar a possibilidade de terminar com a Aya me deixou assim. Preciso ser mais forte.
Nishida deve estar com dificuldade de me entender após eu me exaltar repentinamente, então ela apenas me observa em silêncio por algum tempo. Mas não sei por quanto tempo, já que havia perdido a noção dele depois que joguei fora minha hesitação.

“...Não vou me desculpar. Se eu sentisse que estava errada, nem teria dito isso para começar.”
“Que seja. Mesmo se pedisse desculpas, eu não aceitaria.”
“Marika, você pode ser muito melhor que isso, mas prefere ser teimosa e babaca a esse nível. Eu não entendo. Por que você faz isso? Pensei que você fosse a única que conseguia me entender, achei que estávamos no mesmo barco, por isso eu te respeitava... Que idiotice...”
“Pois saiba que eu também te acho idiota.”

Então a Nishida não luta com todas as forças contra alguém que ela ainda pode se aproveitar? Isso só piora a cada minuto. Eu pensava que conhecia bem a Nishida apenas observando sua superfície, e mais do que isso, achava que éramos amigas.
Mas agora estou chorando, e os olhos da Nishida também estão começando a lacrimejar. Independente de como veja, isso foi uma discussão de romper amizade. Depois do que houve com a Sae, achei que eu entenderia melhor as pessoas...
Mas parece que não.
Eu enxugo minhas lágrimas com um lenço e me tranquilizo, tentando me livrar de todas as emoções mistas dentro de mim.
Eu sou muito burra, fazendo um escândalo apenas para provar meu ponto para uma pessoa que pensa exatamente o oposto. O que seria do mundo sem opiniões divergentes?
Essa discussão é sem sentido, não adianta dizer o contrário. Mas talvez essa seja uma das coisas que todos precisam experienciar pelo menos uma vez no colégio, não é?
Como filha, eu tenho alguém que sempre me diz a verdade. E foi ela quem me ensinou a seguir em frente, não importa o quão doloroso seja.
E por causa dela, eu também sou capaz disso.

“Finalmente... você tomou uma atitude mais séria sobre o que pensava, não foi? Para mim, isso é bom.”

Nishida me olhou incrédula.
Não estou perdoando ela, meu sangue ainda ferve com o que aconteceu. Mas Nishida se esforçou e manifestou seus sentimentos para mim. Ela mesma assumiu que somos completamente diferentes. Eu quero reconhecer o que ela fez.
Isso é apenas... hm, gratidão...

“Obrigada, Reina.

Seu rosto fica ainda mais distorcido, ficando até desagradavel.

Séria...? Para mim, tudo que você fez foi gritar um monte de coisa sem sentido... Isso é ser séria para você, Marika?”

“Sim, para mim é.”
“...O que há com você...?”

Reina enxuga as lágrimas em seus olhos com uma das mãos.
Então, ela encolheu levemente os ombros.

“Francamente... que saco...”
“Concordo...”

Naquele momento, pela primeira vez, eu senti que pude entender a Reina.
Nós ficamos apenas nos olhando naquele clima esquisito. Até que a Karen-san e a Aya voltam.
A Karen-san parece ter entendido a situação num instante e sem nos dizer uma palavra, ela chamou a atenção da multidão, “Certo, gente, está na hora de encerrar a festa.” Ela realmente tem a habilidade de ler a mente das pessoas? Assustador.
Por outro lado, Aya, uma humana comum que não possui poderes sobrenaturais, inclina a cabeça confusa.

“...O que ela fez com você? Quer que eu tome providências?”

Reina e eu olhamos uma para a outra ao mesmo tempo. Estava claro em meus olhos que eu queria dizer, “Sua hora chegou, escolha seu destino.” Reina imediatamente começou a rir, e eu não pude evitar e fui na onda.

“Está tudo bem, Aya. Já acabou.”

De alguma forma, eu acredito que Reina não tem intenção de espalhar nosso segredo para o resto da escola. Afinal, se ela vê a escola apenas como um lugar para se divertir, por que ela mesma deixaria a atmosfera mais tensa? Seria um tiro no próprio pé.
Reina suspira alto e termina de beber seu coquetel sem álcool, levantando a taça para Aya.

“Estava delicioso, e este lugar é ótimo. Você tem bom gosto, Fuwa.”
“...É mesmo?”

Aya olhou para mim e depois para Reina, e então fez um leve sorriso.

“Obrigada, Nishida-san. Fico feliz em ouvir isso. Acho que me enganei sobre você, foi muita gentileza sua vir até aqui.”

Dessa vez, Reina e eu seguramos a risada.
Francamente, Aya. Você realmente não entende as pessoas. Reina é tudo, menos uma boa pessoa. Nós continuamos nos olhando e sorrindo que nem idiotas.

“Eu gosto de ficarmos assim. Me entende, Reina?”
“Sim, Marika. E isso é algo que Reina-san nunca conseguirá entender.”

E entre nós duas, Aya continua extremamente confusa.

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