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Prólogo







Nos recantos mais profundos do reino demoníaco há um castelo. Aqui, a Rainha Demônio vive e preside suas terras.
Uma mulher demônio caminha pelos veneráveis corredores deste palácio, com passos leves como a neve. Embora essa demônio seja atraente tanto no rosto quanto na figura, o que realmente chama a atenção é sua lâmina – ela está na bainha, amarrada à cintura. Por alguma razão, é uma espada de estilo japonês. Foi primorosamente feita e atraiu muitos olhares de admiração desde que ela a recebeu.
E agora, um desses admiradores estava se aproximando.

| Rainha Demônio | [Nilda]

Ao ouvir seu nome ser falado e registrar a voz por trás dele, a mulher demônio parou no lugar e caiu de joelhos. [Minha Rainha], ela reconheceu.
Como já deveria estar óbvio, a voz que chamou o nome da demônio não é outra senão a própria governante do castelo – a Rainha Demônio.
Ela também é atraente... Seu rosto é lindo como um retrato pintado, quase como se ela tivesse saído de uma moldura dourada apenas um segundo antes. A rainha sinalizou para a Nilda se levantar com um aceno de mão e depois gesticulou para a espada na cintura da Nilda.

| Rainha Demônio | [Você está com um humor bastante agradável], comentou a rainha. [É graças à sua espada, não?]
| Nilda | [Sim, Minha Rainha], respondeu Nilda. [A bainha é obra de um de nossos artesãos – eu a encomendei quando retornei ao reino. No entanto, a espada foi forjada por um ferreiro de sangue humano. É resistente, bonita e corta como um sonho. Pretendo valorizá-la]
| Rainha Demônio | [Aaah, um humano], a Rainha Demônio respondeu simplesmente.
Nilda franziu as sobrancelhas. [Isso te desagrada?]
A Rainha Demônio sorriu e acenou com a mão para amenizar as preocupações da Nilda. [Não, de jeito nenhum. Não sei o que a oposição pensa, mas eu, por exemplo, não tenho motivos para buscar mais animosidade entre nossos reinos]

A rainha não mencionou os grandes períodos de história hostil entre humanos e demônios que antecederam sua época. A verdade é que a compra da Nilda não teria sido vista tão bem durante as grandes guerras de alguns séculos atrás. Mas essas batalhas foram travadas sob a bandeira do reinado anterior, durante uma época com a qual a atual rainha tem pouca ligação.
Nilda suspirou de alívio – ela está sendo libertada sem uma bronca. Ela não poderia ter esperado um resultado melhor.

| Rainha Demônio | [Posso ver?], a Rainha Demônio perguntou.
| Nilda | [Claro], Nilda desamarrou a espada e entregou-a à rainha, que a retirou da bainha.

A lâmina é longa e fina. Brilha com a luz lançada pelos castiçais do corredor.

| Rainha Demônio | [Você disse que corta bem? Você a banhou com sangue, então?]
| Nilda | [Sim. Ele derrubou sua cota de inimigos], respondeu Nilda. [Eu precisava testar seu desempenho em batalha]
| Rainha Demônio | [Entendo], a Rainha Demônio murmurou antes de retornar seu olhar para a lâmina.

Uma espada acumula cortes e amassados em proporção à sua contagem de mortes, e cada reparo deixa marcas próprias. No entanto, esta lâmina está perfeita.

| Rainha Demônio | [Parece que esta espada não precisou de reparos]
| Nilda | [Você está certa, minha rainha. Faço manutenção de rotina, como limpar a superfície para evitar ferrugem, mas a lâmina ainda não lascou ou entortou], respondeu Nilda.
Os olhos da Rainha Demônio se estreitaram em consideração. [É assim mesmo...?]
Uma espada com pouca necessidade de manutenção... Isso é perfeito para o estilo de vida da rainha, por mais ocupada que fosse. Ela considerou adquirir uma lâmina – um florete, talvez – para si mesma. [E seu ferreiro humano também serve a demônios?]
| Nilda | [Sim], disse Nilda. [De acordo com o ferreiro, ele não discrimina. No entanto, há uma única condição que ele impõe]
| Rainha Demônio | [Diga-me]
| Nilda | [O comissário deve ir sozinho à sua forja na floresta para oferecer seu caso]
| Rainha Demônio | [É só isso?], a Rainha Demônio foi surpreendida pelo simples requisito. Ela imaginou que o ferreiro iria querer ouro e joias, ou talvez os pertences mais preciosos do cliente, assim como as pessoas faziam nas histórias.

A rainha ficou duplamente surpresa com as palavras seguintes da Nilda.

| Nilda | [Devo admitir, a jornada foi angustiante]
| Rainha Demônio | [Angustiante?], a Rainha Demônio repetiu incrédula. [Para você?]

E não é de admirar que a rainha estivesse cética, pois o dever da Nilda é patrulhar a fronteira entre o reino demoníaco e o mundo exterior. A grande floresta adjacente à fronteira é o lar de feras ferozes que representam uma ameaça aos demônios, mesmo aqueles que são veteranos em batalha. Com as habilidades e experiência da Nilda, ela deveria estar mais do que acostumada com terrenos florestais. No entanto, a jornada até este ferreiro foi difícil? Inimaginável.

Mas então, um pensamento ocorreu à Rainha Demônio. [Talvez... seja aquela a floresta a que você está se referindo...?]
| Nilda | [Exatamente], disse Nilda, confirmando o palpite da rainha. [A forja está na Floresta Negra]

Com isso, a Rainha Demônio suspirou profundamente.
A Floresta Negra é a maior do mundo e um lugar que deveria ser evitado por viajantes desavisados. O povo-fera reivindicou seus arredores como seu território, e criaturas perigosas se esgueiram em suas profundezas.
Segundo Nilda, aquele foi o local que seu ferreiro escolheu para morar. É difícil de acreditar, mas a Nilda visitou pessoalmente a forja. Se ela disse isso, deve ser verdade.

| Nilda | [Claro, há um benefício para nós – a magia é abundante dentro dos limites da floresta. Mas os lobos representam uma grande ameaça. Eles têm narizes poderosos e inteligência aguçada], explicou Nilda. [Como se os perigos da floresta não fossem suficientes para enfrentar, a própria oficina é protegida com magia para repelir os visitantes]
Os olhos da rainha se arregalaram. [Ainda estamos falando da forja do ferreiro, certo?]
Quando a rainha começou a mostrar suas emoções tão abertamente? Nilda parou para refletir. Depois de respirar, ela respondeu: [Sim, o mesmo]

Que tipo de ferreiro usaria magia propositalmente para desencorajar visitantes? Clientes equivalem a dinheiro, então o bom senso dita que quanto mais clientes se tiver, melhor.

| Nilda | [E outra coisa], acrescentou Nilda.
| Rainha Demônio | [Tem mais?]
| Nilda | [O pagamento é determinado pelo comissário]

A Rainha Demônio estava sem palavras. Esse ferreiro opera fora dos limites de sua compreensão e simplesmente não adianta tentar entendê-lo ainda mais. [Que sujeito excêntrico], comentou a rainha, rindo.
Com os olhos refletindo sobre um passado desconhecido para nós, Nilda repetiu: [Sim. Ele realmente é]

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