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Capítulo 2: Inveja nas Sombras




| Yuki | [Finalmente, acho que terminei. Agora é só revisar os dados e…]

Ela parou ao perceber que algo estava errado. Os números na tela não faziam sentido. Tudo parecia fora de lugar, os cálculos completamente desalinhados com os resultados esperados. Um aperto tomou conta de seu peito. Aquilo não era um simples erro de cálculo, estava grosseiramente errado, alguém provavelmente havia mexido em seu trabalho.

| Yuki | [De novo não… como isso aconteceu? Eu revisei tudo antes de sair ontem]

Yuki respirou fundo, tentando manter a calma. Mas a frustração era evidente. Ela sabia que não poderia reportar o problema sem que isso parecesse como uma desculpa, especialmente para o seu chefe de setor, o Dr. Takeda, um homem severo que já deixou claro o quanto ele espera de seus subordinados, especialmente da Yuki.
A inveja que seus colegas sentiam era palpável. Desde que a Yuki começou a se destacar no laboratório, os olhares e os sussurros às suas costas tornaram-se constantes. Ela sabia que seu talento e dedicação incomodavam, mas nunca imaginou que a situação chegaria a esse ponto.

No dia anterior, Yuki havia deixado tudo perfeitamente organizado, pronta para uma nova rodada de testes. Mas, ao voltar, encontrou seus dados distorcidos, como se alguém tivesse deliberadamente sabotado seu trabalho. Ela revisou mentalmente cada momento, cada segundo no laboratório, tentando descobrir quem poderia estar por trás disso.

| Yuki | [Não faz sentido… por que fariam isso comigo?]

A resposta estava no comportamento de seus colegas. Murmúrios maldosos, risadas abafadas e olhares que duravam um segundo a mais do que deveriam. Havia algo de podre no ar, e a Yuki podia sentir isso em cada interação.

Naquela manhã, enquanto preparava seu café na pequena cozinha do laboratório, ela notou dois colegas conversando discretamente no canto da sala. Eles se calaram imediatamente ao perceberem sua presença, mas a expressão de satisfação nos rostos deles era inconfundível.

| Colega 1 | [Ah, Yuki, bom dia! Como vai?]

A voz dele era doce demais, e o sorriso, forçado. Yuki apenas acenou, tentando ignorar o desconforto que crescia dentro dela.

| Colega 2 | [Espero que não tenha tido problemas com os dados ontem à noite. Sabe como é… esses sistemas podem ser tão imprevisíveis]

Era uma provocação descarada, e a Yuki sabia disso. Mas, ao invés de confrontá-los, ela engoliu em seco e voltou ao seu trabalho, tentando afastar a sensação de impotência que a consumia.


***



Ao longo das semanas seguintes, os incidentes se tornaram mais frequentes. Erros inexplicáveis surgiam em seus relatórios, equipamentos que antes funcionavam perfeitamente começavam a falhar sem motivo aparente, e até mesmo seus experimentos mais simples começavam a dar resultados inesperados. Yuki sentia-se cada vez mais isolada e desamparada.

| Yuki | [Preciso fazer algo… não posso continuar assim]

Mas a quem poderia recorrer? O Dr. Takeda sempre estava ocupado demais para ouvir suas preocupações, e seus colegas… bem, eles são a fonte de seus problemas. Mesmo os poucos que não participavam ativamente da sabotagem permaneciam em silêncio, preferindo não se envolver.
Yuki tentava manter uma fachada de normalidade, mas por dentro, sentia-se desmoronando. As noites se tornavam cada vez mais longas, com ela revendo e refazendo o trabalho que foi sabotado, tentando compensar os erros que não eram seus. O brilho nos olhos da Yuki começava a se apagar, substituído por olheiras profundas e um cansaço crescente.


***



Um dia, durante uma reunião de equipe, o Dr. Takeda a chamou publicamente. Os olhos de todos se voltaram para ela, e a Yuki sentiu um frio na espinha.

| Takeda | [Yuki, podemos conversar depois? Seu último relatório apresentou alguns problemas]

Yuki assentiu, sentindo um nó na garganta. Ela sabia que, independentemente do que dissesse, seria difícil convencer o Dr. Takeda de que a culpa não era dela.
Após a reunião, Yuki entrou na sala do Dr. Takeda. Ele estava sentado em sua mesa, folheando o relatório com uma expressão de desagrado.

| Takeda | [Yuki, você era esperada para ser uma das nossas melhores cientistas. Eu esperava mais de você, isso aqui não chega nem ao ponto do amadorismo], ele disse enquanto movia o relatório da Yuki com as mãos e depois o largava sobre a mesa.

As palavras dele eram como facas perfurando sua confiança já fragilizada.

| Yuki | [Senhor, eu… eu não sei como isso aconteceu. Revisei tudo antes de entregar, mas parece que algo foi alterado… talvez tenha sido um problema no sistema ou…]

Ele a interrompeu com um olhar sério.

| Takeda | [Problemas no sistema? Yuki, não quero desculpas. Quero resultados. Se você não consegue entregar um trabalho adequado, talvez deva reconsiderar sua posição aqui]
| Yuki | [Mas, Dr. Takeda...]
| Takeda | [Não tenho interesse em desculpas. Você diz que foi sabotada, mas não apresenta nenhuma prova. Volte a sua mesa e refaça estes relatórios até o final do dia]

Yuki saiu da sala sentindo-se menor do que nunca. Ela perdeu a conta de quantas vezes teve que se forçar para engolir o choro que ameaçava começar a qualquer momento. As palavras do Takeda ecoavam em sua mente, destruindo o pouco de confiança que lhe restava. Ela havia entrado naquele laboratório com sonhos grandiosos, mas agora se vê lutando para simplesmente manter sua dignidade.


Naquela noite, Yuki deitou-se em sua cama, encarando o teto, enquanto as lágrimas corriam silenciosamente pelo seu rosto. O peso do mundo parecia estar sobre seus ombros, e ela não sabia quanto tempo mais poderia suportar.

| Yuki | [Talvez… talvez seja hora de desistir]

Mas uma pequena voz dentro dela, fraca e quase inaudível, ainda resistia. Ela se lembrava de seus sonhos, da paixão que a trouxe até ali. Dá vontade que ela tinha de ajudar as pessoas. De sua paixão por estudar e descobrir o desconhecido. Yuki sabia que, de alguma forma, precisava encontrar forças para continuar. Mas as sombras da inveja e do medo estavam mais fortes do que nunca, e sua luz parecia prestes a se apagar.

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