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Capítulo 1: Abrir Status!





— Percebi que estava no meio da floresta.

Uma mata escura, cercada por árvores exuberantes, cujo fim era invisível ao alcance dos olhos.

Estava escuro, mas, por não haver ervas daninhas, dava para enxergar até que bem. Ao meu redor, árvores altas, parecidas com coníferas, estavam caídas com as raízes expostas, criando pequenos buracos no meio da floresta.

Árvores — especialmente as coníferas — caem de forma inesperada e com facilidade. É da natureza delas tombarem retas e de maneira simples, ficando assim por muito tempo.

MILfxp:coníferas são aquelas arvores que usam como árvore de natal

E o que acontece quando uma árvore cai, abrindo um espaço no meio da mata? Ao levantar o olhar, dá para ver o céu, e é assim que o sol consegue iluminar o local.

O céu é azul.

Agora, qual é a situação aqui?

Revirei minhas memórias — lembrava-me do meu nome, da minha idade e do endereço onde morava.

Com o cabo de fibra óptica que finalmente instalaram na zona rural, eu vivia uma vida tranquila, tocando um pequeno negócio de ilustrações pela internet.

Será que eu tinha ido às montanhas vizinhas colher verduras e acabei envolvido em algum acidente? Nesse caso, o meu corpo não mostrava qualquer anormalidade, e isso me deixa inquieto.

— Mas que droga...

Resmungar para si mesmo é óbvio, mas, infelizmente, não resolve nada.

O que eu deveria fazer? Se você não sabe onde está, isso é literalmente um problema.

Ficar parado ali não adiantaria nada. Sem qualquer aviso ou plano, comecei a caminhar.


---◇◇◇---



Caminhar pela floresta por um tempo me fez suar, mas eu não podia tirar a camisa de mangas compridas. Afinal, a mata estava cheia de insetos e sanguessugas.

Não faço ideia do que está acontecendo, mas, pelo menos, fiquei aliviado por estar usando uma camisa de mangas compridas.

Na parte de baixo, usava minhas calças de trabalho baratas de sempre e os tênis que comprei na loja de descontos.

Se eu estivesse de botas, seria perfeito para a floresta... mas não tinha como prever isso.

Na verdade, queria enrolar uma toalha ao redor do pescoço. Se ele estiver exposto, algum ácaro pode acabar entrando e causando feridas.

Já me ensinaram a colher vegetais selvagens, e também a me virar com cuidados médicos básicos.

Morando no interior, o hospital mais próximo ficava a dezenas de quilômetros. Se você for picado por uma abelha e tiver um choque anafilático, já estará morto quando chegar ao hospital. Essa é a realidade de quem vive no campo.

Enquanto caminhava pela floresta, percebi que o terreno era plano e um pouco ondulado, o que significava que provavelmente não era uma montanha. E, com certeza, não existia um lugar assim perto da minha casa.

Na minha vizinhança, as áreas planas eram campos abertos, e a floresta sempre estava nas montanhas.

— Hmmm...

Respirei fundo e olhei ao redor — nada.

É bom que não haja nada, mas, se um urso aparecer, acabou para mim. Por outro lado, sem água ou comida por perto, minha sobrevivência também está com os dias contados.

Estou com sede e fome, mas não há nada. Vasculhei os bolsos, e eles estavam vazios...

Ao meu redor, há muitos cogumelos espalhados, mas nunca vi nenhum daquele tipo antes. Não sei se são comestíveis, e, de qualquer forma, cogumelos não são muito nutritivos.

— Que situação esquisita... Preciso sair desta floresta de algum jeito.

Olhei ao redor mais uma vez. Foi então que percebi algo branco brilhando à distância.

Sem hesitar, decidi ir até lá.


---◇◇◇---



— Oh... o que é isso?

Cheguei ao lugar brilhante. Bem na base de uma árvore, havia uma armadura prateada, com manchas de ferrugem espalhadas.

Era uma armadura de ferro, do tipo conhecido como armadura de placas, igual às que cavaleiros medievais usavam. A natureza parecia ter dado uma boa castigada nela, mas...

O conteúdo ainda estava ali, intacto. Um esqueleto, com o queixo e o pescoço desencaixados, parecia me dar as boas-vindas.

— Olha só, encontramos um corpo.

Ao olhar ao redor, vi que havia uma espada caída. Uma espada reta, de dois gumes — provavelmente feita para ser usada com as duas mãos.

No entanto, a lâmina estava cheia de danos e bastante enferrujada. Mesmo se fosse afiada, parecia difícil de usar. Talvez fosse mais rápido consertá-la.

Embora a cena fosse um pouco triste, decidi vasculhar o cadáver em busca de algo útil. Não havia muita coisa, mas consegui pegar um anel e uma faca.

A faca vinha com uma bainha presa a cordões, o que me permitiu fixá-la ao meu cinto e usá-la caso fosse necessário.

Agora eu tinha uma arma improvisada, mas o problema principal continuava sendo a comida.

Mas, o que era essa armadura de placas, afinal? Não conhecia ninguém no interior que usasse algo tão extravagante assim.

E não parecia nada amador. Não era uma réplica barata, mas uma peça genuína. Além disso, a armadura apresentava marcas de uso, arranhões e até reparos, como se tivesse passado por diversas batalhas.

Não fazia sentido para alguém da minha idade brincar com isso como um hobby.

A espada, por outro lado, claramente havia sido usada para perfurar algo. E era feita de aço de verdade, nada daquele metal de imitação barato.

O que estava acontecendo?

Seria uma armadilha? Alguém tentando me pregar uma peça?

Mas quem perderia tempo com um sujeito simples como eu, sem fama ou dinheiro?

Além disso, tudo aquilo era surreal.

Nunca tinha visto nada parecido. Uma armadura e uma espada dessas não surgem do nada.

— Será que... é outro mundo? Isso só pode ser brincadeira.

Pensei por um momento e, meio que por impulso, falei:

— Então... "Abrir Status!" Se eu disser isso, ele vai abrir!

Assim que pronunciei as palavras, uma espécie de painel brilhante surgiu bem na minha frente.

— Não é possível...

[Nome] Kenichi Hamada
[Idade] 38
Shangri-La
Item Box
Lixo

— E eu? Só isso? E o HP, MP, habilidades, magia?

Além disso, "Shangri-La"? A primeira coisa que vem à mente é o site de compras que eu sempre uso. Não faz o menor sentido.

Mesmo assim, falei "Shangri-La", mas nada aconteceu. Bom, então... vou tocar na tela.

A interface mudou. O que apareceu foi exatamente a tela do Shangri-La, o site de compras online que costumo usar.

Shangri-La é um varejista geral online que realmente vende de tudo. Livros, mantimentos frescos, roupas, brinquedos, carros novos e usados, motos, caminhões e até máquinas pesadas.

Por 1.000 ienes por mês, você tem acesso ilimitado a e-books e vídeos. Mas eles não vendem aviões nem armas de fogo.

— Pelo menos era o que eu achava... até procurar recentemente e descobrir que eles estavam vendendo jatos executivos.

— Sério? Tipo AliExpress? Que tipo de absurdo é esse?

Depois, toquei na opção "Item Box" e no ícone da lixeira, e ambos abriram janelas brancas.

Será que a "Item Box" funciona como aquelas caixas de itens de jogos?

Para testar, aproximei a espada enferrujada que estava ao lado da armadura da tela — e ela foi sugada para dentro.

— Uau!

A tela exibiu:

[Espada Enferrujada] × 1

O display mudou. Toquei no item "Espada Enferrujada", e uma nova janela surgiu:

[Deseja retirar?] [Mover para a lixeira]

Duas opções. Quando pressionei o botão de retirar, a espada apareceu bem na minha frente novamente.

— Oh! Isso é muito prático.

Tentei selecionar a lixeira, e o item foi movido para a janela da lixeira. Na parte inferior dessa janela, havia um botão com um ícone de redemoinho.

— O que será isso...?

Quando apertei o botão de redemoinho, outra janela surgiu:

[Esvaziar a lixeira?]

— Hã... então funciona como o sistema operacional de um PC? Se eu não esvaziar a lixeira, os itens ficam lá por um tempo. E dá para recuperá-los depois.

Não sei qual é o limite de armazenamento da "Item Box" ou da lixeira, mas...

De qualquer forma, já entendi mais ou menos como isso funciona. Só que será que posso usar isso assim, de graça?

Não é estranho algo tão útil estar disponível sem custo nenhum? Será que é algum golpe?

Vai que, depois de me acostumar, aparecem taxas ocultas…

MILFxp calma prota que tu não mora no brasil kkkkk

Ou pior — no final, surge um demônio cobrando a minha alma como pagamento. Já pensou nisso?

— Gheheheheheh...

Mas, honestamente...

Mesmo com todas as minhas desconfianças, não estou em posição de rejeitar essa ajuda agora. Se eu não usar, vou morrer de fome e exaustão em poucos dias.

Acabaria tendo o mesmo destino do Cavaleiro da Armadura que está jogado aqui.

Resolvi então usar essa habilidade. Voltei minha atenção para o Shangri-La.

Quando chequei a tela, ela era exatamente igual ao site que eu costumava acessar. Bom, não custa tentar, né?

No topo da interface, havia uma barra de busca. Ao tocar nela, um teclado virtual apareceu

— bem amigável.

Digitei: [Pão].

— Hmm, que conveniente. É exatamente igual ao que eu já usava.

[Primeira compra] Kit de pães deliciosos

Olhei o restante das opções. Eles vendem um leite delicioso em pacotes com três unidades por cerca de 1.000 ienes. Perfeito, vou pegar isso também.

Ao revisar o carrinho, o total deu cerca de 2.500 ienes. Apertei o botão [Comprar]...

[Saldo insuficiente]

— Hã? Dinheiro? Bom, faz sentido precisar de dinheiro, mas... eu não tenho. E agora, o que eu faço?

Enquanto tentava pensar em uma solução, notei um botão chamado [Carregar saldo] abaixo da mensagem de saldo insuficiente. Apertei para ver do que se tratava.

— Ah, querem que eu coloque dinheiro aqui... mas o que eu faço se não tenho?

Mesmo reclamando, a janela não respondia nada. Frustrado, lembrei que tinha colocado a espada enferrujada na Item Box antes.

— Que tal isso então?

Coloquei a espada de volta na janela.

[Espada enferrujada] × 1

E, logo abaixo, apareceu:

[Deseja avaliar/comprar?]

— Dá pra vender? Será que eles avaliam como sucata? Bom, vamos ver.

Apertei o botão de avaliação e apareceu:

[Resultado da avaliação] [Preço de compra da espada enferrujada: 100.000 ienes]

— Cem... CEM MIL IENES?! Sério isso?

Havia um botão adicional para [Ver detalhes], então resolvi conferir.

[Espada enferrujada (ouro): 5.000 ienes]
[Pedra (rubi): 95.000 ienes]

— Rubi? Tinha um rubi nela? Deve estar encrustado em algum lugar, escondido pela ferrugem.

Mas não dava para pensar muito nisso. Eu precisava de dinheiro imediatamente, então confirmei a venda.

[PLOP]

O processo foi instantâneo, e meu saldo foi atualizado com os 100.000 ienes.

— Beleza! Mas se isso for verdade, não preciso me preocupar com comida por enquanto...

Só que, gastando 100.000 ienes por dia, esse dinheiro só vai durar um mês. Vou precisar encontrar uma forma de ganhar mais.

Se houvesse uma mina com metais preciosos ou gemas, eu poderia usar isso para carregar o saldo. Mas encontrar algo assim agora?

— Impossível.

Bom, não adianta me preocupar com isso agora.

Testei o carrinho novamente, contendo os itens que selecionei, e pressionei o botão [Comprar].

[PLOP]

Do nada, os pacotes de pão e as três caixas de leite caíram no chão.

— Eles jogam assim mesmo? Se fossem eletrônicos, já estariam quebrados!

Mas antes de reclamar, eu precisava me alimentar. Peguei o pão, mas não consegui ignorar o corpo esquelético na minha frente, ainda com a armadura.

— Hmm...

Depois de pensar um pouco, resolvi tirar a armadura do esqueleto e comprei uma pá no Shangri-La por 2.000 ienes.

Na minha região, chamamos isso de Scoop, mas pelo padrão JIS deve ser pá mesmo. Parece que o nome varia dependendo do lugar.

MILFxp: não entendi isso mas praticamente ele tá falando sobre como chamam a “pá” onde ele mora

Com minha nova pá, comecei a cavar. O solo estava macio, provavelmente pela decomposição, e consegui abrir um buraco com uns 50 cm de profundidade.

Enterrei os ossos, cobri o buraco novamente e juntei as mãos.

— Que você encontre paz... ou o equivalente disso neste mundo.

Depois, avaliei a armadura retirada.

[Resultado da avaliação] [Armadura de placas (usada): 50.000 ienes]

— Cinquenta mil? Nada mal!

Resolvi vender também. Com isso, a armadura desapareceu, deixando apenas o chão liso.

Finalmente, sentei para comer o pão, mas minha mente não parava de pensar. Tive outra ideia para testar.

Comprei um fogareiro a gás por 2.000 ienes, junto com um pacote de gás (300 ienes por três unidades), uma panela pequena com tampa (1.000 ienes), água engarrafada (1.200 ienes por seis garrafas de 2L) e um kit de macarrão instantâneo ao curry (12 unidades por 2.500 ienes).

[PLOP]

Os itens caíram no chão, um após o outro.

Montei o fogareiro, coloquei a panela com água e acendi. Quando a água começou a ferver, abri um dos pacotes de curry e esperei os três minutos necessários.

— Droga, esqueci os hashis!

Rapidamente comprei um pacote de hashis descartáveis (500 ienes por 100 unidades). Com isso, estava preparado para várias refeições.

— Hahaha! Pronto! Este é o sabor da civilização!

Comecei a comer o pão enquanto alternava com o macarrão instantâneo ao curry.

— Ugh!

Pensando bem, se eu levasse isso para um acampamento, seria extremamente prático. Com esse tipo de equipamento, até o Everest eu conseguiria escalar.

Ainda não tenho certeza se estou mesmo em outro mundo, mas, por enquanto, o importante é que minha barriga está cheia.

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